JULIANNE CERASOLI

Um ano de fila

Julianne Cerasoli
16/05/2014 às 22:58.
Atualizado em 27/04/2022 às 00:00

O último final de semana marcou o aniversário de um ano da última vitória da Ferrari. Vitória, diga-se de passagem, que só foi possível pela alta degradação dos pneus Pirelli, uma estratégia agressiva de quatro paradas e uma largada endiabrada de Fernando Alonso.Pior: é justo dizer que o último triunfo da equipe italiana em condições normais, em que o carro se mostrou forte por todo o final de semana, foi em 2010. Naquele GP de Cingapura, Alonso andou bem nos treinos, largou na pole e liderou até o final — no GP da Grã-Bretanha de 2011, a história foi semelhante, mas aquela conquista foi manchada por uma mudança de regulamento que durou apenas uma prova e, certamente, influiu no resultado. É, obviamente, muito pouco para a equipe mais vencedora da história da categoria.E não estou falando de uma Era distante. Entre 2000 e 2004, com Schumacher ao volante, Jean Todt e Ross Brawn no comando e uma pista à disposição para testes sem qualquer restrição, a Ferrari foi imbatível por cinco anos, uma eternidade em termos de Fórmula 1. Mesmo após cair com a mudança no regulamento em 2005, o time mostrou poder de reação e disputou o título nos três anos seguintes.De lá para cá, não foi raro ver a Ferrari errando a mão em seus projetos e tendo de recuperar o terreno ao longo do ano, cenário que vem se repetindo em 2014. Detalhes tiraram os títulos de 2010 e 2012, mas não se pode negar que foram campeonatos em que o time italiano cresceu mais ao se aproveitar dos pontos fracos dos rivais do que pela evolução do próprio carro.O grande vilão do time de 2009 para cá é o desenvolvimento. Não foram raras as oportunidades em que foram trazidas novas peças que apresentaram bons resultados nas simulações, mas não funcionaram na prática. Isso seria resultado da restrição aos testes de pista, o que exigiu uma reestruturação do processo de criação de novas peças. Mas essa desculpa já perdeu validade no momento em que a Mercedes, que passou por cenário idêntico ao comprar o espólio da Brawn, tornou-se dominante.Agora, aparecem os outros ‘buracos’ da Scuderia. Se perder para uma fabricante de energéticos já era ruim, imagine a pressão quando os rivais são outra montadora, principalmente em um ano em que a aerodinâmica perdeu influência e é o motor que responde por grande parte do domínio alemão? Em meio a uma luta interna por poder e muita pressão, dá para apostar que, a não ser por um golpe de talento e sorte dos dois grandes pilotos que tem, a Ferrari vai ficar na fila por mais um bom tempo.

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