PEREGRINAÇÃO

Turismo especializado na fé cresce até 10% ao ano no Brasil

No Brasil, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, no Interior paulista e Belém do Pará, são os principais destinos daqueles que viajam em peregrinação

Vilma Gasques
21/04/2013 às 06:16.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:44
O Santuário de Aparecida é um do principais destinos dos viajantes de fé (Divulgação)

O Santuário de Aparecida é um do principais destinos dos viajantes de fé (Divulgação)

O turismo religioso, diferente de todos os outros segmentos de mercado turístico, tem como motivação fundamental a fé. Destinos nacionais e estrangeiros ganham cada vez mais destaque nesse segmento com peregrinações. 

No Brasil, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, no Interior paulista e Belém do Pará, são os principais destinos dos viajantes de fé. No mundo, Roma e Cidade do Vaticano (Itália), Meca (Arábia Saudita), Fátima (Portugal), Lourdes (França), Belém, Nazaré, Rio Jordão e Jerusalém (Israel, Cisjordância e Jordânia) são os destinos mais vistidados por peregrinos de diversas religiões.

“O turismo religioso vem crescendo continuamente, e em todas as religiões, apesar de que os católicos são os que mais viajam, até porque é a religião com o maior número de seguidores no Brasil. Porém, os evangélicos também viajam muito, inclusive para a Terra Santa, que é um lugar que todos querem conhecer”, diz Marcelo Matera, presidente da Associação das Agências de Viagens Independentes do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp), ressaltando que há agências especializadas nesse nicho de mercado.

Não há dados precisos sobre a movimentação no setor entre as agências de viagens. O presidente da entidade acredita que somente o turismo religioso apresente uma média de crescimento que varia entre 5% e 10% ao ano. No entanto, Matera destaca que esse setor apresenta uma vantagem, já que o crescimento é contínuo e consistente. “As pessoas buscam uma experiência de fé e estão se voltando para isso. A viagem de turismo religioso nunca é só uma viagem. É uma contemplação. E deixou de ser uma viagem de pessoas mais simples e todas as classes da sociedade fazem roteiros santos”, lembra.

O proprietário da Catedral Viagens, agência localizada em Campinas e especializada em turismo religioso, Claudemir de Carvalho, diz que esse mercado é relativamente novo e praticamente começou a tomar corpo nos últimos 15 anos. “Mas há uma confusão muito grande entre o turismo religioso e o convencional. Tem muita agência vendendo viagens convencionais dizendo que é turismo religioso, quando esse é um segmento muito específico, com guias que realmente conhecem os locais, as regras. Normalmente o guia precisa ter uma formação histórica e teológica”, ressalta.

Há características específicas nessas viagens, diz Carvalho, como a escolha de hotéis, que precisam ser centralizados. Também é preciso escolher roteiros com critério para atender pessoas idosas. “E há locais, como o Vaticano, que possuem normas e regras para visitas”, alerta.

O tema, diz Carvalho, também ganhou destaque dentro da Igreja Católica, que fundou a Pastoral do Turismo para dimensionar o mercado, dentro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o objetivo de promover a preservação e a cultura religiosa; de integrar distintos segmentos sociais e culturais; de estimular o desenvolvimento local e regional; de dimensionar a infraestrutura, e de criar negócios em diversas áreas.

País precisa divulgar destinos

Carvalho lembra ainda que apesar de se falar cada vez mais do turismo religioso, o Brasil tem feito pouco para atrair estrangeiros para os santuários nacionais. De acordo com uma pesquisa do Ministério do Turismo (Mtur) realizada em 2011, somente 0,3% das 5,4 milhões dos estrangeiros desembarcam no País tendo como motivação a peregrinação. Também no turismo interno não há motivação. Apenas 2% dos turistas destacaram a religião como motivo da viagem.

O panorama deve mudar nesse ano com a Jornada Mundial da Juventude, que acontece em julho no Rio de Janeiro, e que deve reunir 2,5 milhões de pessoas de 190 países. O Mtur fará uma ação para divulgar destinos turísticos religiosos durante toda a programação do evento.

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