Não sei quem está certo. Mas sei que tem um monte de gente errada. E, como parece, nunca ninguém aprende. A briga no estádio Independência, em Belo Horizonte, na noite da última quarta-feira, é mais do mesmo. De novo, quem deveria dar o exemplo, só deixou os nervos aflorados.
Todo o mundo tem o direito de falar o que pensa. Inclusive os jogadores de futebol. E alguns atletas do Arsenal foram dizer ao trio de arbitragem suas impressões da partida. Não importa se tinham ou não razão nas reclamações. Quem tem boca, fala o que quer, e quem tem ouvidos, decide se escuta ou ignora. No caso específico, ainda pode punir ofensas verbais com cartões amarelo ou vermelho, como o que aconteceu com Luis Fabiano outro dia.
Pelas imagens da TV, que eu vi várias vezes, não percebi nenhuma agressão dos jogadores ao árbitro para a truculenta chegada dos policiais. Sim, truculenta, pois não deu tempo de os fardados saberem se havia violência nas palavras dos atletas para chegar empurrando os argentinos com seus escudos. Que eu saiba, vivemos em um país democrático, que preza pela liberdade de expressão. Ou não?
O estopim para a confusão foi um empurrão de um policial com escudo a um jogador. Os PMs, tão preocupados em escoltar a arbitragem, deixaram o trio do apito para trás em menos de 10 segundos, porque, depois do chega pra lá, houve revide. Ninguém que tem sangue nas veias aceita levar um safanão sem reagir.
Não quero defender ninguém. Acho que todos estão errados. Mas dessa vez vi que, apesar do julgamento imediato, com direito a multa e tudo, apenas os jogadores foram punidos. Não vi nenhum policial ser identificado ou punido por descer o cassetete em campo. E ainda tiveram os que entraram com armas de balas de borracha.
Já passou da hora de avaliarmos a preparação dos policiais chamados para dar segurança ao espetáculo. Estou cansado de ver gente apanhando de cassetete de graça, seja no gramado ou na arquibancada. Eu mesmo já fui xingado por um PM após perguntar o motivo de uma confusão no meio da torcida. Tenho certeza que você, leitor, também conhece alguma história dessas.
O exemplo tem de vir de cima, de quem tem força, de quem empunha uma arma. Senão, continuaremos na barbárie, esperando a confusão da partida da próxima semana.