MEMORÁVEL

Tuberculose muda trajetória de artista

28/04/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:54

Expedito Camargo Freire perdeu a mãe aos 5 anos e ficou sob a tutela de uma madrinha, fazendeira em Campinas. Mais do que livros para ler, gostava de cadernos para rabiscar. Começou a estudar pintura com os professores italianos Luggi Franco e Oreste Colombari. O menino tornou-se um jovem de potencial talento e o preferido de Colombari, a quem passou a ajudar no ensino do desenho e na elaboração de croquis, concorrendo com outros pintores na decoração de templos religiosos e teatros.

Entre 1933 e 1936, Camargo Freire lecionou desenho no curso ginasial do Serviço de Educação de Adultos (SEA), do Departamento de Educação do Estado de São Paulo, e na Academia Campineira de Pintura, instituição que ajudou a fundar. Naquela época, trabalhava também como motorista de táxi.

Em Campinas, fez seus primeiros ensaios. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1936, levando consigo uma carta do pintor Salvador Caruso, que conhecera na cidade paulista, e apresentou-a ao pintor Ado Malagoli.

Renascimento em Campos do Jordão

Em fevereiro de 1941, vítima de tuberculose, Camargo Freire foi enviado por seu médico a Campos do Jordão, para tratar de sua precária saúde no Sanatório Ebenézer. Foi uma mudança radical e, sobre ela, o artista disse: "Não posso e não devo negar a grande transformação que se operou na minha vida e, consequentemente, na minha pintura. Foi decisiva e benéfica essa mudança, transformando radicalmente a maneira como até então eu sentia e interpretava a pintura. Vivia no Rio de Janeiro sempre cercado de dificuldades. Pintava muito, mas não ficava satisfeito. Queria estudar mais, num ambiente propício, realizar meu sonho de pintor. Estudar para não pintar ‘de ouvido’. Na música não se pode fazer nada sem primeiro estudar e tocar bem algum instrumento. Na pintura, entretanto, muita gente salta pela janela, pois pela porta não é fácil penetrar. Por incrível que pareça, a tuberculose foi minha melhor amiga. Tirou-me das tabuletas e outras atividades puramente comerciais e deu-me Campos do Jordão, ambiente onde pude realizar o que sempre desejei."

Destaque aqui e lá fora

Camargo Freire resolveu fincar seu cavalete em Campos do Jordão e, em 1943, casou-se com Maria Theodora Puzzo, ex-interna do Sanatório Ebenézer e que trabalhava como enfermeira na instituição.

Nos anos que se seguiram, tornou-se destaque na pintura nacional, ganhando todos os principais prêmios nos mais importantes salões do Rio de Janeiro e de São Paulo. 

O livro Camargo Freire – O Pintor da Paisagem de Campos do Jordão, de Pedro Paulo Filho e Edmundo Ferreira da Rocha, conta a trajetória do campineiro e é ilustrado por iconografia da preciosa coleção do documentarista Rocha.

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