EMPREENDEDORISMO

Três mulheres. Três histórias. Três sucessos

Campinas está atrás na comparação entre a quantidade de empreendedoras em relação à força de trabalho feminino - 15,2%, segundo o estudo

Adriana Leite
08/03/2015 às 09:36.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:13
Beatriz: uma simples cortina feita para o pai deu origem a uma fábrica ( Carlos Sousa Ramos/ AAN)

Beatriz: uma simples cortina feita para o pai deu origem a uma fábrica ( Carlos Sousa Ramos/ AAN)

Beatriz, Sueli e Marlene. Elas não têm o mesmo nome e nem se parecem uma com a outra - mas têm em comum a coragem de apostar em uma boa ideia e de assumirem, elas mesmas, as rédeas dos negócios em que apostaram. Elas se somam às mais de 81,2 mil mulheres que são empreendedoras na área do Escritório Regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Campinas, que contempla 22 municípios. A história delas mostra que o sexo feminino saiu do papel de coadjuvante para protagonista no mundo dos negócios. Embora tenham ampliado a participação no comando das empresas e sejam cada dia mais empreendedoras, as mulheres ainda precisam provar que são capacitadas e têm que driblar o preconceito masculino. As empreendedoras de sucesso afirmam que a sensibilidade, o bom senso, a persistência, a garra, a organização e o talento para superar obstáculos são armas eficazes para atingir o sucesso. Mas ressaltam que há espinhos no caminho. Relatório divulgado pelo Sebrae recentemente aponta que o escritório regional de Campinas é o terceiro no Estado de São Paulo em quantidade de empreendedoras. O estudo mostra que há 71.646 delas que trabalham sozinhas por conta própria e outras 9.581 que também são empregadoras. A regional fica atrás apenas da Capital (451.219 mulheres) e do Grande ABC (84.555). Apesar de ocupar uma posição de destaque, Campinas está atrás na comparação entre a quantidade de empreendedoras em relação à força de trabalho feminino - 15,2%, segundo o estudo. A primeira posição é da Baixada Santista, com 19,2%. Mas com programas como o microempreendedor individual e as mulheres assumindo cada vez mais a frente dos negócios, a tendência é de aumento na região de Campinas nos próximos anos. IndústriaA pesquisa do Sebrae mostra ainda que as atividades com maior participação de empreendedoras são serviços e depois o comércio. O percentual é menor na área da indústria e na agropecuária. Beatriz Batista Alves Cricci, de 46 anos, foge a essa regra. Ela criou uma empresa que fabrica cortinas e divisórias para os segmentos hospitalar, de hotelaria, de moda e industrial, a BR Goods - que nasceu de uma necessidade doméstica. “Eu trabalhava como executiva e um dia meu pai disse que precisava de uma cortina para colocar no box do banheiro. Fui ver preços em lojas especializadas e vi que era caro. Decidi então fazer uma cortina para ele. O produto ficou bom, algumas amigas viram e também quiseram”, conta. Com o tempo, ela tomou coragem e resolveu bater na porta das lojas para oferecer seu produto. “Um cliente quis levar as cortinas em uma feira focada no segmento de hoteis. Negociei com ele e também participei do estande da loja”, diz. Beatriz afirma que a feira alavancou a venda de cortinas para box de banheiros em redes de hoteis internacionais que operam no Brasil. “Aí não dava mais para fazer as cortinas no meu apartamento em São Paulo. Tive que montar uma pequena fábrica no quintal da casa do meu pai em Indaiatuba, minha cidade natal. A participação em outras feiras me permitiu começar a vender produtos específicos para hospitais. E dali a pouco estava vendendo para o Albert Einstein e outros”. Com os negócios constantemente em expansão, a pequena fábrica também não dava mais conta dos pedidos - e lá foi ela investir na construção de uma fábrica “de verdade” no Distrito Industrial de Indaiatuba. “Claro que tive percalços nesses 14 anos da empresa. Quase fali, mas não pensei em desistir. Procurei me profissionalizar e modernizei a gestão da empresa. Meus funcionários passam por treinamentos constantes”. Hoje, a BR Goods emprega 22 pessoas, tem uma carteira com 1.500 clientes e exporta para países como Argentina, Venezuela, Paraguai e Panamá.

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