Coluna publicada na edição de 13/11/19 do Correio Popular
Depois de dois anos sem “surpresas”, são grandes as chances de que o Brasileirão volte a ter, em 2019, um de seus 12 grandes rebaixado. O último a cair foi o Inter, (17º colocado em 2016, com 43 pontos), mas agora o drama envolve dois clubes do Rio de Janeiro e um de Minas Gerais. A esperança de Fluminense, Cruzeiro e Botafogo é que o Ceará perca fôlego na reta final e se junte a Avaí, Chapecoense e CSA nas últimas posições. Os números, porém, não sugerem uma queda de produção do Ceará. Nas últimas seis rodadas, o time de Adílson Batista conquistou 10 pontos, assim como o Cruzeiro de Abel Braga. Já Botafogo (6) e Fluminense (5) ficaram bem abaixo disso. O momento indica que os cariocas terão mais dificuldades na batalha dos desesperados. Ao contrário do Cruzeiro, que nunca foi rebaixado e sofre com uma gravíssima crise política, Fluminense (1996 e 1997) e Botafogo (2002 e 2014) já caíram duas vezes. Esse retrospecto dá confiança aos mineiros e aumenta a pressão sobre os cariocas. Faltam seis rodadas e os quatro estão separados por dois pontos. Quem faz companhia aos três quase rebaixados é o Flu, com 34. O Cruzeiro, com 35, está colocado no Z4. Com um ponto a mais aparecem Ceará e Botafogo. O fator campo pode ser decisivo e, curiosamente, quem tem melhor aproveitamento como mandante é justamente o único que não faz parte dos 12 grandes. Em Fortaleza, o Ceará conquistou 28 pontos, oito a mais do que o Flu conseguiu somar no Rio. O Cruzeiro também decepciona em Belo Horizonte, onde somou 22 pontos. Já o Botafogo fez 25 pontos em casa. A força do Ceará diante de sua fanática torcida já o salvou em 2018. Sob o comando de Lisca, conseguiu uma surpreendente reação, depois de frequentar o Z4 por várias rodadas. No ano passado, não perdeu nenhuma vez nas últimas oito partidas em casa. A presença de três grandes na batalha dos desesperados é surpreendente, mas esse drama deve se repetir nos próximos anos. O Athletico atingiu um nível de competitividade igual ou superior ao de vários integrantes do clube dos 12 grandes. Não por acaso, está em 6º lugar. E a partir de 2020 o Red Bull Bragantino chega à Série A armado de bom orçamento, profissionalismo e ambição. A tendência é que também fique distante do Z4, ocupando a vaga de algum dos 12 na parte de cima da tabela. Só a tradição não será suficiente para manter essa turma na elite. Será preciso ter competência para montar elencos que, dentro de campo, justifiquem a expressão “time grande”.