SAÚDE

Transplante de medula completa 20 anos na Unicamp

Foram 1122 procedimentos feitos no Hospital de Clínicas que atingiu alcance de status internacional

Inaê Miranda
19/10/2013 às 18:03.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:53
Maria Aparecida é a última paciente a realizar o transplante de medula: presente após espera de 14 anos na fila ( Gustavo Tilio/Especial para a AAN)

Maria Aparecida é a última paciente a realizar o transplante de medula: presente após espera de 14 anos na fila ( Gustavo Tilio/Especial para a AAN)

O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) chega aos 20 anos de transplantes de medula óssea, neste mês de outubro, com a marca de 1.122 procedimentos realizados. O tratamento é capaz de aumentar a sobrevivência dos pacientes em alguns tipos de câncer hematológico em 90%. Depois de vencer os primeiros desafios de implantar um centro equipado e com profissionais de ponta, o centro está hoje entre os melhores da América do Sul em pesquisa científica e atendimento. O objetivo agora é expandir essa capacidade de atendimento, triplicando o número de leitos aos pacientes hematológicos e para os transplantes.Para o médico Afonso Vigorito, coordenador do serviço de transplantes de células-tronco hematopoéticas (TCTH) — chamado genericamente de transplante de medula óssea — a data significa 20 anos de trabalho de uma equipe multidisciplinar que desde o início percebeu a importância do programa de transplante no tratamento de doenças hematológicas. “Os resultados que nós temos não são diferentes dos resultados esperados no resto do mundo. É também o resultado do comprometimento da equipe”, afirmou o médico.O transplante de medula óssea é uma alternativa para o tratamento do paciente com leucemias agudas e crônicas, linfomas, além de outras doenças hematológicas consideradas graves. “A resposta para o tratamento com o transplante em alguns casos tem uma resposta melhor do que fazer um tratamento convencional.” Nos 20 anos de transplantes de medula óssea no HC da Unicamp, foram realizados 1.122 procedimentos, sendo 740 alogênicos — com doadores aparentados e não aparentados — e 382 autólogos — da pessoa para si mesma. Atualmente, segundo Vigorito, 12 pacientes estão prontos para fazer o transplante e outro grupo passa por avaliação.A última paciente a realizar o transplante no hospital foi a enfermeira Maria Aparecida dos Santos, que vai completar 60 anos no dia 25 de outubro e ganhou o presente antecipado, como conta a sua filha Beatriz Aparecida dos Santos. Ela fez a cirurgia no dia 19 de setembro e recebeu alta nesta semana. Antes disso, entretanto, esperou por 14 anos para realizar o procedimento, depois de receber o diagnóstico de leucemia mielóide crônica. “Ela tem sete irmãos, mas nenhum deles era compatível. Então, ela foi para o Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) e resistiu esse tempo todo. Foi guerreira e não perdeu a fé. O transplante veio agora como um presente”, conta a filha.Vigorito explica que os transplantes são feitos no HC em parceria com o Hemocentro da Unicamp, que realiza o acompanhamento ambulatorial. “A estrutura é a mesma, mas o acompanhamento e a parte ambulatorial são feitos no hemocentro, e a internação é feita no hospital”, afirma. Ele também diz que tanto o hospital como o hemocentro recebem pacientes de todo o País já que são considerados referência.Atualmente, um dos desafios nos transplantes é estrutural, segundo o médico. Desde o início, ele atua com um módulo hospitalar com sete apartamentos e nove leitos no quarto andar do Hospital de Clínicas. O hemocentro desenvolveu um projeto de construção de sua unidade de assistência ambulatorial e hospitalar, que vai triplicar o número de leitos aos pacientes hematológicos e para os transplantes. A área e as fundações estão prontas e custo total para conclusão da obra é de cerca de R$ 35 milhões.

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