O que um grupo de alunos e professores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP de Ribeirão Preto fez com o contrato da concessão do transporte coletivo da cidade fez era o que menos as empresas integrantes do consórcio PróUrbano esperavam. Eles analisaram o contrato, esmiuçaram planilhas e chegaram a pelo menos um ponto que as empresas contestam: o valor da tarifa está correto, portanto sem necessidade de reajuste. E é justamente aumento da tarifa que as empresas pleiteiam, sob alegações várias. Querem um aumento de 34 centavos, enquanto o grupo, se instado a falar acaba dizendo que é possível encontrar alguma gordura no valor atual. Mas o estudo teve outra função importante. Trouxe luz a uma discussão que parecia impossível. Há muito se fala em planilha de custos do transporte, sem que a sociedade tivesse noção do que isso representa. Os números sempre foram de conhecimento apenas das empresas e da Prefeitura, no regime de permissão. Agora o debate trouxe uma transparência inesperada para empresários e usuários do transporte coletivo. Agora que a discussão veio à tona, será difícil empurrar números na administração que nem sempre tem gente competente para contesta-los. A situação está posta e tem tudo para melhorar o setor. Auxiliando inclusive as empresas a administrar demandas e reclamações. Mesmo que tardia, a medida deve ser elogiada.TRABALHO EXTENSOA análise de planilhas e contratos não foi tarefa fácil. Apenas a apresentação dos resultados demorou quase três horas. Imagine olhar números, fazer contas e projeções e ainda analisar aspectos jurídicos da questão, como ocorreu. Digno de elogio o trabalho do grupo. Não para encostar o consórcio na parede, mas para mostrar à população e ao governo que é possível melhorar e reduzir custos e tarifas.CÂMARA AUSENTEEncarregada de fiscalizar os passos da Administração Municipal, a Câmara Municipal esteve representada por apenas uma vereadora na apresentação do resultado dos trabalhos do grupo da FEA. Gláucia Berenice (PSDB) esteve presente acompanhada de sua assessora jurídica. Os outros 21 vereadores deveriam ter outros compromissos mais importantes do que saber os resultados de um estudo sobre o transporte coletivo. Sem informações é quase impossível fiscalizar qualquer coisa.PERGUNTAS DIFÍCEISJá vários integrantes do Movimento Passe Livre Ribeirão Preto (MPL-RP) estiveram presentes à apresentação. E fizeram algumas perguntas pertinentes e de difícil resposta. Em uma delas o professor André Lucirton Costa, responsável pela apresentação, ficou sem resposta. Porque o questionamento não deveria ser direcionado a ele, mas à Transerp ou ao consórcio.RESPOSTASTambém presentes à apresentação, o superintendente da Transerp, William Latuf, e cinco representantes das empresas ajudaram nas respostas. Esclareceram dúvidas, mas eles próprios sabem que ainda há muito a ser explicado. Os integrantes do MPL-RP também sabem disso e buscam mais respostas.PRESENTEWilliam Latuf foi “recompensado” por sua presença na discussão. Ganhou de presente uma espécie de troféu. Os estudantes entregaram a ele uma imitação de roleta utilizada nos ônibus, feita em papelão. Foi um protesto simpático ao valor cobrado e ao serviço prestado.