EDITORIAL

Transparência e o respeito aos eleitores

Correio
10/06/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 12:48

Todo esforço para obter cada vez maior transparência nos negócios públicos tem como meta criar instrumentos de maior fiscalização de políticos descomprometidos com o voto de seus representados. A frustração de muitos eleitores em relação a seus escolhidos decorre da abissal diferença entre discurso e prática, com muitas contradições entre as promessas de campanha e as posições efetivamente assumidas na vida pública.

O distanciamento físico e a falta de uma participação mais efetiva dos cidadãos levam a que os homens públicos tenham comportamentos condizentes com seus interesses pessoais, às vezes nem mesmo partidários.

Uma das prerrogativas de parlamentares para garantir a sua liberdade de opinião é o voto secreto em plenário, que lhe garante autonomia para expressar sua vontade sem criar constrangimento ou desavenças com seus pares. Neste ponto de vista, é possível identificar alguma vantagem em se apurar apenas o total de votos em circunstâncias especiais, mas não resiste à responsabilidade maior da transparência, do respeito ao eleitor, da coerência perante a Nação e, principalmente, à hombridade de assumir posições delicadas. Esquivar-se deste compromisso é acovardar-se diante de pressões corporativas, de ameaças lobistas ou de achacamentos políticos. Mesmo porque a imunidade parlamentar lhes confere outro tipo de garantir justamente para defesa em caso de atentar contra interesses de terceiros.

Agora, busca-se uma mobilização no Congresso no sentido de se instituir o voto aberto em todas as votações. Existem propostas que exigem a manifestação clara dos parlamentares em todas as votações ou a exigência apenas no caso de processos de cassação. Ambas miram as atitudes verificadas em votações mais polêmicas, quando parlamentares se escondem no anonimato para fazer coro a interesses escusos e, ao final da apuração, surgem resultados surpreendentes.

É preciso que a sociedade imponha a seus representantes uma disciplina de coerência. Se há uma conexão a ser mantida, essa é com o cidadão, antes de gestos de compadrio que levam à omissão. O voto aberto é uma conquista e uma garantia de que o comportamento em plenário será sempre visível pela população e os congressistas poderão se converter em livros abertos. É um bom começo para redesenhar a política nacional a partir de atitudes corajosas e absolutamente transparentes.

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