Tranquilidade marca Dia de Finados em Campinas

Milhares de pessoas aproveitaram o dia ensolarado de finados, neste sábado (2) para prestar as homenagens aos familiares e amigos. Os cemitérios de Campinas chegaram a registrar mais de 170 mil pessoas. Às 7h30, o movimento já era intenso e pontos de congestionamento no entorno dos principais cemitérios foram registrados. Agentes da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) orientavam os pedestres e motoristas. No Cemitério dos Amarais, apenas no período da manhã, mais de 3 mil veículos utilizaram o estacionamento rotativo. Segundo o gerente dos três cemitérios municipais - Saudade, Sousas e Amarais, José Carlos Raineri, 150 funcionários prestaram atendimento aos visitantes, com carrinhos para locomoção de idosos e deficientes físicos, e serviços de informação para localizar os jazigos dos parentes. "Aqui tudo é muito rápido. Apenas o nome e já localizamos a sepultura" , informou o gerente. Além disso, esteve a disposição do público banheiros químicos em pontos estratégicos e copos de água mineral distribuídos de graça. Em cada cemitério era possível encontrar pessoas que realizavam limpezas dos túmulos, rezavam, colocavam flores ou acendiam velas em memória dos entes queridos. "Eu faço questão de todos os anos acender velas para os meus familiares e realizo uma operação para Jesus. Creio que com isso, posso clarear ainda mais o destino" , contou Antonio Gomes, de 47 anos cozinheira, que possui familiares enterrados no Cemitério dos Amarais. Para o administrador de redes da Unicamp, Carlos Fernando Papotti, de 30 anos, todas as homagens são pequenas mediante a ausência do parente querido. "Por mais que a gente tente, não conseguimos colocar todas as homenagens. Não temos como esquecer o carinho, o ensinamento e o amor" , chorando disse o administrador, em referência ao falecimento de seu pai no último dia 30 de setembro, enterrado no Cemitério do Flamboyant. No entanto, a reverência à memória das pessoas que já morreram não se restringiu às tradicionais homenagens. Os cemitérios particulares, Aleias e Flamboyant, localizado entre os bairros Chácara Gramado e Jardim das Palmeiras, receberam os visitantes com massagens gratuitas, doces e produção de brincadeiras artesanais para as crianças, balões de gás com frases e música clássica do quarteto de cordas Arcobaleno Musical, que emocionou o público, pelo quarto ano consecutivo. "Eu gosto muito de ver e escutar, ainda mais neste dia tão especial. A música tem o poder de fazer viajar no tempo, remetendo as memórias e isso me emociona" , contou o aposentado Ailton Barbosa, de 73 anos. Escravo Toninho Entre centenas de jazigos alguns se destacavam pela grande quantidade de flores e alimentos que haviam sido deixados em cima da sepultura, como do escravo Toninho, no Cemitério da Saudade. "Todos os anos eu venho e trago comida, bolo, café, balas e flores para a sepultura do Toninho. Esse homem é bom. Me ajudou em muitos milagres" , informou a cabeleireira Zilda de Lima, de 72 anos, que há quarenta visita o túmulo do escravo, que pertenceu a Barão Geraldo de Resende. Comércio Os vendedores clandestinos foram barrados pela prefeitura e não puderam comercializar os produtos. Já para quem estava autorizado, comemorou os resultados das vendas de crisântemos, a flor mais procurada no dia de finados. "Nós vendemos mais de 10 mil vasos de crisântemos. Este é o nosso natal. A melhor oportunidade de vender" , disse a vendedora Cecília Davi, de 66 anos, que trabalha há 20 na entrada do Cemitério dos Amarais. Segundo a vendedora, no ano passado o número não passou de 8 mil vasos vendidos.