Muitos torcedores e jornalistas brasileiros costumam dar pouco valor à Copa América. Esses gostam de criticar a Seleção Brasileira quando ela fracassa na luta pelo título. E quando a campanha é vitoriosa, logo tratam de menosprezar o feito. Afinal, o que vale é (só) a Copa do Mundo. Não penso assim e mais à frente abordarei o assunto. Antes, vou destacar um outro bom motivo para que todos torcedores e analistas percebam o valor do jogo deste sábado contra o Paraguai. Caso seja eliminado, o Brasil não terá Neymar — de longe o seu principal jogador, queiram ou não — nos dois primeiros jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. E, pelo equilíbrio que estamos vendo nesta Copa América no Chile, a briga por um lugar no próximo Mundial será acirrada. Largar sem Neymar, portanto, será muito ruim. Se passar pelos paraguaios, o time de Dunga fará pelo menos mais dois jogos em gramados chilenos e então o craque do Barcelona já terá cumprido sua pena de quatro jogos de suspensão. Estaria, assim, livre para jogar nas Eliminatórias a partir de outubro. O fator Neymar dá uma importância extra ao jogo, mas isso não significa que a competição não seja importante para a Seleção. Claro que é. A Copa América tem todos os ingredientes de um grande torneio. Para começo de conversa, é tradicional. Disputada desde 1916, é a mais antiga competição de seleções entre todas as que fazem parte do calendário da Fifa. O segundo ponto importante é a qualidade técnica. Além de não ter mais os bobos de antigamente que sofriam goleadas humilhantes, a Copa América conta com grandes craques do futebol mundial. Finalistas da Copa do Mundo de 2014, da Champions League de 2015 e vários jogadores que foram campeões das grandes ligas europeias estão se enfrentando no Chile. Por fim, a Copa América tem de sobra um ingrediente que não pode faltar em uma competição importante, a rivalidade. Os três maiores campeões são Uruguai (15 títulos), Argentina (14) e Brasil (8). Apesar de estar bem atrás dos rivais, o Brasil vive um momento melhor. De 1989 para cá, foi campeão cinco vezes (1989, 1997, 1999, 2004 e 2007), duas vezes a mais do que Uruguai (1995 e 2011) e Argentina (1993) juntos. Não faz sentido menosprezar a Copa América. Depois da Copa do Mundo, é o torneio mais importante para qualquer seleção sul-americana. O Chile, em casa, dará a vida para conquistar o primeiro título de sua história. Qualquer seleção que tiver força para impedir que isso aconteça terá muitos motivos para comemorar.