ECONOMIA

Trabalhador tem muito pouco para comemorar

Crise vai continuar custando vagas, e reaquecimento só virá daqui a dois anos; retomada da economia brasileira deve começar a ocorrer a partir do segundo semestre do ano que vem

Agência Estado
01/05/2015 às 13:06.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:00
Produção de motos no Polo Industrial de Manaus cresceu 14,9% em outubro, em comparação ao mês anterior ( Cedoc/RAC)

Produção de motos no Polo Industrial de Manaus cresceu 14,9% em outubro, em comparação ao mês anterior ( Cedoc/RAC)

Passado o período de ajuste fiscal, a retomada da economia brasileira deve começar a ocorrer a partir do segundo semestre do ano que vem. E, se confirmado este cenário, o reaquecimento do mercado de trabalho se dará apenas a partir de 2017. Antes dessa melhora, contudo, haverá uma intensificação no corte de vagas em 2015 e uma manutenção da taxa de desemprego em níveis mais altos que os atuais ao longo de 2016. Especialistas estimam que os efeitos da recuperação econômica levarão de três meses a um ano para se refletir na taxa de ocupação. “O mercado de trabalho mal começou a piorar”, afirma o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira, para quem a situação continuará difícil até o ano que vem.Rodrigo Leandro de Moura, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), estima que a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Contínua passe de 6,8% em 2014, para 7,7% em 2015 e chegue a 8,4% em 2016. Pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desocupação deve sair dos 4,8% registrados no ano passado, para 6,2% neste ano, chegando a 7% no ano que vem. “Isso revela que o desemprego deve subir mais rapidamente nas regiões metropolitanas”, analisou. E a recuperação tende a ser lenta. O economista da Fundação Seade, Alexandre Loloian, destaca que é mais fácil entrar em processo de estagnação e recessão do que sair ele. Para a retomada, argumenta, é necessário criar condições para que as empresas voltem a investir e retomem a produção. Uma das alternativas, na sua opinião, poderia ser os programas de concessão e parcerias público-privadas (PPPs).“O que se observa é que o desemprego tende a subir muito rápido com a recessão e, depois, são necessários vários anos de crescimento para o desemprego voltar a patamares baixos’, complementou Moura, que destacou o fato de o País ter levado quase uma década para ver o desemprego cair de cerca de 10% para 5%, na PME. “Daqui para frente, depende de quanto e como vão repercutir os ajustes que o governo está fazendo”.Antes de uma recuperação efetiva, os empresários devem recorrem ao aumento da jornada, ao pagamento de horas extras e até à contratação de trabalhadores, sem carteira de trabalho, na avaliação de Loloian. Segundo ele, estas práticas são comuns em momentos que antecedem a retomada do emprego. “Só quando se consolida o quadro de crescimento econômico, quando há essa garantia, é que o empresariado volta a contratar”. 

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