EDITORIAL

Totalitarismo e o novo ideal da juventude

13/10/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:21

A intensa convulsão política e social por que está passado o Brasil surpreende, principalmente pela forma e constância inusitadas com que têm ocorrido os protestos e passeatas por todo o País. Desde os eventos emblemáticos dos anos 80 e 90 que os brasileiros se resguardam de manifestações políticas nas ruas, fazendo supor uma suposta apatia diante das denúncias de corrupção e roubalheira que têm marcado o noticiário nacional. De um momento para outro, as ruas foram invadidas por centenas de milhares de pessoas em uníssimo com uma pauta de reivindicações diversificada mas claramente apontando para a intenção de uma forte mudança no status quo.No rescaldo das manifestações, prevaleceu o que foi classificado como o fenômeno social dos black blocs, uma associação com o movimento anarquista, que acabou por facilitar os atos de violência e vandalismo, afastando todas as demais correntes das ruas. No momento, prevalecem grupos de jovens que insistem em hastear sua indignação com os panos da intolerância e da agressividade. A prisão de dois jovens estudantes que participaram de depredações na Capital e, segundo a polícia, portavam explosivos e gás lacrimogêneo, mostra parte do problema enfrentado. Identificados com o movimento mais radical, não esconderam certa arrogância ao posarem para fotografias algemados, ostentado o que parecia um certo orgulho que já ficara patente em postagens nas redes sociais (Correio Popular, 10/10, A6).O que se percebe — e preocupa — é a rápida disseminação destes grupos que, embora minoria, causam transtornos sociais graves, como a depredação de bens públicos e particulares, a agressão a quem discordar de suas ideias, a violação das leis, a propagação da intolerância e a negação de valores. São os rebeldes sem causa do século 21, que espanaram um velho discurso retrógrado que tende ao fascismo e a tudo que contraria o pensamento de harmonia social. Usam do discurso libertário para pregar o totalitarismo, a imposição de regras, a intolerância explícita. Preocupante porque mostra parte de uma juventude em idade de desenvolvimento acadêmico perdendo-se no entusiasmo de um modo de vida contestador no pior sentido da palavra. A dificuldade maior em relação ao ideário destes jovens aventureiros agressivos é saber se eles são contra tudo ou não são a favor de nada. Enquanto isso, a sociedade é obrigada a conviver com suas atitudes arbitrárias e inconvenientes.

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