Torcedor de muletas é barrado na porta do Brinco

A estreia do Guarani em casa na Série C do Campeonato Brasileiro chamou a atenção do torcedor e o público de 3.867 pagantes foi até maior do que se imaginava. Mas nem todos os bugrinos que se dirigiram ao Brinco de Ouro acompanharam a vitória sobre o Mogi Mirim. Foi o caso do analista de sistemas Gustavo de Camargo Scalzilli, de 37 anos, que acusa a Polícia Militar de o ter impedido de entrar no estádio pelo fato de estar utilizando muletas para se locomover.

Atleta amador, Scalzilli sofreu uma inflamação no tendão do tornozelo em uma corrida de aventura e, para evitar colocar os pés no chão, passou a utilizar as muletas durante a recuperação. No domingo (09/06), se dirigiu ao Brinco de Ouro para acompanhar a partida, mas não obteve sucesso. "Eu fui direto para a entrada das vitalícias e, ao chegar na revista, a PM me informou que eu não poderia entrar naquele setor e que deveria ir até a entrada principal, no lugar destinado aos deficientes. Cheguei lá (no setor para deficientes) e em nenhum momento fiquei próximo da catraca. Me impediram de entrar com a justificativa de que as muletas poderiam ser utilizadas por outros torcedores como arma em um incidente", relata. "Disseram que eu poderia subir para as arquibancadas sem as muletas, mas eu não conseguiria. Eles foram irredutíveis."

O episódio fez com que o torcedor protocolasse uma reclamação no clube. "Fui até a secretaria, expliquei a situação, mas me falaram que era a PM que tinha poderes de impedir alguém de entrar no estádio. Deixei registrado um protesto e um pedido para que a diretoria entre em contato com a PM a fim de evitar que essa situação se repita. Logo eu não vou mais usar as muletas, mas e quem não pode andar sem auxílio, vai ser barrado sempre? Faltou vontade da PM em querer resolver o problema", lamenta Scalzilli.

Para o torcedor, o acontecimento é uma prova de que o Brasil ainda não está preparado para receber eventos de grande porte. "A mentalidade está muito atrasada, tratam os torcedores como se todos fossem briguentos, não como consumidores. Não estamos preparados para uma Copa. Vamos receber pessoas de outros países, com mochilas, apitos, cornetas. Todos vão ser impedidos de entrar? Se não houver preparo, sempre vai existir esse tipo de problema."

De acordo com a Polícia Militar, nenhuma situação relevante foi registrada no dia da partida. A PM reforçou que os torcedores são orientados a se dirigirem ao setor dos deficientes, mesmo que seja uma deficiência temporária, e explicou que o problema das muletas é a potencial utilização do objeto em uma briga.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Guarani afirmou que pretende entrar em contato com a PM para ver o que pode ser feito em relação a casos semelhantes ao registrado no domingo.