CÉLIA FARJALLAT

Tomás Alves

Célia Farjallat
igpaulista@rac.com.br
07/03/2013 às 05:01.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:48

ig-celia-farjalatt (aan)

Quem lê a história de Campinas se depara com a figura carismática do mais famoso médico de algumas décadas atrás: Tomás Alves. Quando criança, ouvia falar dele, e de outro médico, dr. Mascaranhas, que foi também de incontáveis crianças da época.

Pesquisando números antigos da revista do Centro de Ciências Letras e Artes (CCLA) encontrei numerosas referências ao dr. Tomás Alves, que pertenceu à diretoria e às comissões auxiliares da instituição. Seu retrato nos aparece nos números 46 e 47, e exatamente no ano de sua morte: 1920. Tenho em mãos a famosa conferência promovida pela classe médica, e proferida pelo doutor Antão de Moraes, na época promotor público, e orador do CCLA.

A citada conferência, obra prima de pesquisa, retrata Tomás Alves não apenas como médico, mas também como homem caridoso e benfeitor dos pobres, e ainda como literato. Evocando-o, o conferencista referiu-se à dor de toda a cidade, ante o desaparecimento do médico, que foi cidadão prestante e que elegeu Campinas como sede de seus dias. Foi um profissional sábio e estudioso, de uma terapêutica rica em recursos e acima de tudo de uma presença, que procurava acalmar o doente e sua família. Ele desenvolvia também assistência social.

O que muitos desconhecem é o valor literário do grande médico, e este período literário durou apenas dois anos. Obtendo o grau de doutor, e com o pseudônimo de “Hop Frog” deixou as musas em paz e fugindo à sedução das rodas literárias deixou também o jornal onde escrevia com inegável talento.

Campinas era então um centro intelectual, mas ele deixou a glória literária aos que a quisessem. A cidade possuía um bom jornal "A Gazeta de Campinas" e em suas colunas brilhavam escritores como Júlio Mesquita e Júlia Lopes de Almeida. Para este jornal, Tomás Alves colaborou com inegável talento. Seu último conto saiu em dez de dezembro de 1882, quando Tomás Alves tinha 25 anos.

Encerrou assim o seu período literário. Aqui uma amostra de seu talento literário: Oficina de Ferreiro: “O fundo era um pouco escuro; ao lado da forja aparecia desenhando -se de leve e percebia-se o fole que se achatava, mostrando as rugas no couro do bojo; o sol entrando por uma fresta caía e brilhava sobre um canto naquele rastilho de luz uma nuvem de pó e de fuligem, e brilhava sobre a cabeça luzente e gasta da bigorna, cujos dois chifres semelhavam às pontas de touros novos...”

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por