Coluna publicada na edição de 5/6/19 do Correio Popular
O amistoso entre Brasil e Catar deveria servir para Tite fazer os últimos ajustes na Seleção Brasileira para a disputa da Copa América. Mas a imprensa, a torcida e até o treinador vão prestar atenção mesmo é em tudo o que vai acontecer com Neymar. Ao fim de uma temporada difícil na Europa (uma contusão e a agressão a um torcedor que o ofendeu na final da Copa da França ofuscaram a conquista do bicampeonato francês), Neymar chegou ao Rio com a explosão de mais uma crise em seu entorno. As evidências de que a acusação de estupro é falsa foram expostas pelo jogador ao divulgar a conversa com a mulher que foi visitá-lo em Paris. As trocas de mensagens deixam claro que não se pode falar em “sexo não consentido”. Ao ser acusado falsamente de um crime hediondo, Neymar é a vítima dessa história. Mas terá que dar explicações sobre a divulgação da conversa e de outra denúncia de agressão da mesma mulher. Neymar segue em boa forma, jogando muito bem, marcando gols, fazendo assistências e ampliando seus recordes. Mas desde a Copa do Mundo boa parte da imprensa e do público ignora suas inquestionáveis virtudes. Neymar é criticado por seu estilo (como se o futebol bonito que exibe não fosse exatamente o que todos nós desejamos ver), por não ganhar a Liga dos Campeões desde que deixou o Barcelona (como se o Barça tivesse conquistado alguma desde sua saída), por seu visual (como se fosse a única estrela vaidosa do esporte mundial) e, claro, pelos erros que comete. Não sei se a agressão ao torcedor foi um erro ou ação premeditada para criar um clima ruim no clube e facilitar uma transferência. Em qualquer situação, foi lamentável. Logo depois de tudo isso, surge mais esse problema. É uma situação desnecessária, mas que faz parte da rotina de jogadores famosos. Comentando o caso, Vampeta contou que certa vez levou seis brasileiras para acompanhá-lo em Paris. E que quase todos os jogadores da Seleção faziam o mesmo. Neymar transformou diversão rotineira em gigantesco problema. Dentro de campo, ele segue muito bem. É absurdo criticar Tite por convocá-lo. Gostaria de ver qualquer um dos críticos do treinador no cargo. Quem deixaria de chamar o melhor jogador do País? Qual o sentido de deixar um jogador tão genial fora da Copa América? Está claro que Neymar precisa rever sua postura fora de campo. Ao se livrar pelo menos dos problemas que ele mesmo cria, terá condições de jogar ainda melhor. Desejo que a nova crise seja um divisor de águas nesse momento complicado da carreira de nosso maior craque.