JULIANNE CERASOLI

Todo poderoso Vettel

Julianne Cerasoli
30/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:30

“Vocês honestamente acham que ele devolveria a posição caso pedíssemos? Não fazia sentido. Ele deixou muito claro qual era sua intenção ao ultrapassar. Ele sabia qual era a comunicação e optou por ignorá-la. Ele colocou seu interesse acima da equipe.”

A declaração do chefe da Red Bull, Christian Horner, após Sebastian Vettel desrespeitar a ordem para que se mantivesse atrás do companheiro Mark Webber e vencer o GP da Malásia chamou a atenção e dá a medida da real questão levantada pela atitude: o alemão se colocou acima da equipe, e com plena consciência.

Há quem tenha questionado os valores éticos do tricampeão, mas não são raros os exemplos de grandes pilotos que tenham tido atos parecidos.

Afinal, trata-se de um mundo de competitividade extrema e sempre será difícil estabelecer a linha entre demonstrar vontade de vencer e fazer qualquer coisa para que isso aconteça.

Igualmente, pouco importa que haja intervenções das equipes. Vociferar contra isso me parece ingênuo.

A F-1 é o que é por ser um campeonato de construtores, em que cada time faz seu carro. Isso a torna especial porque faz com que as máquinas sejam muito desenvolvidas e atrai os grandes profissionais do esporte. E isso inclui os pilotos.

Porém, em determinados momentos, o interesse individual, alimentado pelo mundial de pilotos, vai entrar em conflito com o coletivo, da equipe. Não hánada que possa mudar isso, está intrínseco à razão de ser da F-1.

Por isso, a grande novidade desta situação é o claro recado de Vettel.

Com três títulos na mão, o alemão se viu no direito de colocar-se à frente da equipe com a qual conquistou seus triunfos. Deu seu recado e, com quatro anos de Red Bull e muitos outros de ‘firma’, deve saber onde está pisando. Ao que tudo indica, espera o mesmo que Webber previu logo na cerimônia do pódio: ser protegido.

A Red Bull costuma ser conciliadora quando a harmonia interna é quebrada. Vimos isso durante todo o ano de 2010, na Grã-Bretanha em 2011 e no GP do Brasil do ano passado. São estes exemplos que, unidos ao valor de Vettel para a marca Red Bull, levam a crer que toda a situação vai acabar em pizza.

Mas essa demonstração de força estremece os pilares da suposta igualdade propagandeada pela equipe e pode ser um passo maior que a perna para o tricampeão. Resta saber se a equipe aceitará que o interesse do piloto se sobressaia, nos moldes da relação Ferrari-Alonso, ou se o GP da Malásia será lembrado como o momento em que o casamento de Vettel com a Red Bull começou a ruir.

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