ig-zeza-amaral (AAN)
Martin Niemöller, em 1933, escreveu isso a respeito da chegada do nazismo: “Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar...”
Quando Lula e Fidel Castro, em 1990, criaram o Foro São Paulo, entidade que congrega partidos de esquerda de toda a América Latina, inclusive o grupo narcoterrorista Farcs (dizem que ele já caiu fora do clube), ninguém levou isso a sério. Anos depois, seus principais sócios se tornaram presidentes da república de seus respectivos países: Hugo Chávez, Venezuela; Evo Morales, Bolívia; Rafael Corrêa, Equador; Néstor/Cristina Kirchener, Argentina; Fernando Lugo, Peru; e Lula da Silva, Brasil.
Chávez não precisou dar um único tiro para plantar o que ele chamou de revolução bolivariana, ou socialismo do século 21: através de um plebiscito manipulado, tirou boa parte dos poderes da Suprema Corte venezuelana e começou a censurar e a fechar jornais, rádios e emissoras que viessem a fazer críticas ao seu governo. Lula, é claro, não via nisso nenhum absurdo e chegou mesmo a fazer papel de garoto-propaganda de Chávez quando da sua primeira reeleição. Ninguém se preocupou com isso.
Evo Morales também fez a mesma coisa na Bolívia e ninguém se preocupou com isso. E o mesmo aconteceu no Equador de Rafael Corrêa e vem acontecendo agora na Argentina: e ninguém se preocupa com isso. Enquanto a democracia de nossos vizinhos seguia sendo violentada, aqui, no Brasil, Lula tentava calar a imprensa através de uma tal confederação nacional de jornalismo e deu com os burros n’água. Tentou depois o PT emplacar um plano nacional de direitos humanos que trazia dentro de si um tal controle social da mídia que, na verdade, se tratava de censura pura e simplesmente. Dilma, agora presidente, foi contra e muitos acharam que o PT desistiria de calar a boca da imprensa.
Mas eis que o deputado petista Nazareno Fonteles voltou à carga com uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê um controle do Legislativo sobre a Suprema Corte quando esta decidir questões que envolvam ações diretas de inconstitucionalidade (Adin), e também sobre as súmulas vinculantes que o STF criou para ser seguido por todas as instâncias do Judiciário. Em suma, o PT está tentando arrombar a porta da democracia para acabar com... a democracia no país. Eles, decididamente, não gostam de democracia.
Ah, sim: os deputados-condenados por formação de quadrilha e corrupção ativa José Genoíno e João Paulo Cunha, membros da Comissão de Justiça e Paz da Câmara, foram favoráveis à PEC. É o PT no seu melhor estilo.