Desde a eliminação nas quartas de final do Campeonato Paulista que a diretoria da Ponte Preta tem vontade de fazer o que fez nesta quinta-feira, 39 dias depois da derrota por 4 a 0 para o Corinthians. Foi um tempo perdido.
A Ponte Preta potencializou os efeitos daquela derrota porque tinha convicção de que montou um time capaz de ser campeão paulista. E não é bem assim.
Não se discute que a Macaca fez uma bela campanha e nem que poderia ter ido além. Mas não era “favorita” ao título, como a diretoria avaliou. E essa visão de que o sonhado título estava muito próximo fez com que a Macaca considerasse a derrota um desastre de enormes proporções. Desde então, a diretoria apenas suportou Guto Ferreira por mais um tempo, o que não foi bom para nenhuma das partes.
Para cobrar um título estadual ou uma campanha de impacto no Brasileiro, a Ponte precisa oferecer a seu treinador, seja quem for, um elenco com pelo menos 18 bons jogadores. Ramirez foi para a seleção? Então o técnico precisa ter um meia de qualidade para substituí-lo e não um volante.
O problema é que fazer isso custa muito caro e é proibitivo para um clube com o orçamento da Ponte. Então, ao invés de anunciar o objetivo de chegar a 60 pontos e brigar pela Libertadores, como fez antes do Brasileirão, o clube deveria usar todas as suas forças para realizar, ao menos, uma campanha segura como a do ano passado. Se der para fazer mais, ótimo. Todo clube deve ter ambição. Mas cada decisão deve ser tomada com equilíbrio. A cobrança deve ser proporcional ao material humano que o treinador tem em mãos.
O Brasileirão é duríssimo. E não é só para a Ponte. É para o Atlético-MG, São Paulo, Flamengo, Inter, Atlético-PR, Vasco... não tem moleza.
Guto Ferreira largou mal, não se discute. Mas Silas vai melhorar o rendimento do time? Sem realizar boas campanhas há dois ou três anos e depois de uma desastrosa passagem pelo Náutico, seria ele a melhor escolha para fazer a Ponte subir na tabela?
Em virtude de seu retrospecto, minha expectativa em relação a Silas é muito baixa. Mas a Ponte deseja essa troca há tempos. Já que sabia que iria mudar, deveria ter feito isso há 40 dias.
Enrolar foi uma perda de tempo. Estava na cara que a decisão desta quinta seria tomada, já que Guto ficou sem clima no Majestoso após aquela derrota para o Corinthians.
A Ponte precisa esquecer o Paulistão e se concentrar em fazer o melhor possível no Brasileiro. Ao invés de apenas condenar Guto, que, sim, cometeu seus erros, a diretoria precisa olhar para o elenco que montou e avaliar se o problema maior não está aí.