“Todos os dias quando acordo / não tenho mais o tempo que passou/ mas tenho muito tempo/ tenho todo tempo do mundo” Renato Russo Caro leitor, a questão do tempo intriga o ser humano há muito tempo. Aristóteles talvez tenha sido o primeiro a “sistematizar” o estudo sobre o que é o tempo, afirmando que o tempo é o estudo do movimento. Só que o filósofo ficou preso à questão do “antes e depois”. Este é o tempo cronológico que foi inventado pela humanidade. E mais recentemente, não mais que trezentos anos, o relógio tal como o conhecemos também foi inventado para prender o tempo. As fábricas capitalistas controlavam a produção pelo tempo. Horas e horas os trabalhadores e suas famílias passavam produzindo e morrendo. Ao tentar prender o tempo, quem ficou presa foi mesmo a espécie humana. Ficou presa em prazos, em pressas, em tudo o que se refere ao tempo. Continuamos a vender nosso tempo. Vendemos, sem saber, a nossa vida. Alguns diziam que trabalharíamos menos horas e teríamos mais tempo para o lazer. Hoje poucos trabalham muito e muitos não têm emprego, mas mesmo assim não têm tempo para nada. O tempo passa, o tempo marca, o tempo mata. O tempo cronológico nos aprisiona. Tic-tac. A vida se faz cativa. Ficamos envoltos em sua redoma e nos esquecemos de amar, de viver, de nos doar para uma nobre causa, de ler um lindo livro. A vida é a corrida contra o tempo. Tic-tac. Contra o tempo das rugas. Tic-tac. Do cabelo branco. Tic-tac. O tempo passa e vai levando nossa juventude, mas ao mesmo tempo traz novas e marcantes experiências. Quanto tempo temos para realizar nossos desejos? Para amar as pessoas? Quanto tempo ainda temos para que os últimos atos de amor desapareçam para sempre das relações? Quanto tempo temos para perder? Quanto tempo temos para fazer o que não queremos? Para a chama se apagar e para a luz no fim do túnel desaparecer? Quanto tempo?
