Teatro do Instituto Hilda Hilst abre em abril

Campinas, que viu dobrar o número de assentos de teatros no último ano, vai receber mais um espaço cultural. O teatro do Instituto Hilda Hilst (IHH), anunciado em novembro do ano passado pelo presidente do IHH, Daniel Fuentes, está com as obras a toque de caixa e começa a funcionar em abril. Trata-se de um teatro de arena na área externa da Casa do Sol, onde a escritora viveu e escreveu a maior parte de sua obra. “O teatro será inaugurado em evento fechado, em 21 de abril, dia do aniversário da Hilda. Para o público em geral, abre as portas no fim de semana seguinte”, adianta Fuentes. “Será um espaço alternativo, que ajudará a suprir parte da demanda da classe artística”, afirma, brincando que o novo espaço não tem a pretensão de competir com o Teatro Municipal José de Castro Mendes.

'Jozú, o Encantador de Ratos', projeto da atriz Carla Tausz e José Luiz Mora Fuentes, é o espetáculo de estreia. “Essa é uma das melhores montagens de um texto da Hilda, que ganhou vários prêmios, viajou pelo Brasil todo e nunca foi apresentada em Campinas”, conta Fuentes, frisando que a vinda do espetáculo do Rio de Janeiro só está sendo possível graças ao apoio da Secretaria Municipal de Cultura. No total, serão dez apresentações, sendo três fechadas e sete abertas ao público.

'A Obscena Senhora D', também texto de Hilda Hilst, montagem do grupo paulistano Circo do Silêncio, é outro espetáculo já confirmado para ocupar o espaço, ainda sem data definida. “Também estamos em contato com a Boa Companhia (de Campinas), que tem duas montagens baseadas na obra da Hilda — 'Agda' e 'Passagens' — mas ainda não tem nada fechado”, informa Fuentes.

O projeto foi concretizado graças a uma campanha de arrecadação de fundos pelo sistema crowdfunding (doações via internet). “A resposta foi surpreendente. Tínhamos a expectativa de levantar os recursos em três meses, mas em dois meses já havíamos conseguido. Tivemos, inclusive, doações internacionais. Quarenta por cento do total arrecadado vieram de Portugal, Itália e Estados Unidos”, informa Fuentes. Os colaboradores já estão recebendo a contrapartida pelas doações.

O teatro, com capacidade para 100 pessoas, tem como palco principal o pátio da casa. É montado com bancos e arquibancadas móveis, que podem ser deslocados para outros pontos da casa, se o grupo assim o desejar. “É tudo móvel, de estrutura física fixa temos apenas as barras de aço para sustentar os refletores. O teatro é montado pouco antes do espetáculo”, diz Fuentes. Ele destaca que um cuidado do IHH refere-se à parte elétrica, que não se mistura com a fiação da casa, mais antiga. “Estamos fazendo um circuito novo, separado para servir apenas ao teatro.” A programação será focada em montagens teatrais, de preferência inspirados na obra de Hilda Hilst, além de recitais de música e poesia.

Tombamento

A Casa do Sol foi tombada no ano passado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), ficando então isenta da taxa de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que impedia o Instituto de alçar voos maiores. A ideia é que o espaço promova, a partir de 2013, uma série de eventos e atividades voltadas a ampliar a divulgação da obra de Hilda Hilst dentro e fora do País. Segundo Fuentes, o objetivo do teatro, além de abrir uma porta para a cultura em Campinas, é obter recursos para a manutenção da Casa do Sol.

O IHH tem como missão preservar a Casa do Sol e seguir a proposta da escritora de produzir cultura. Construída por Hilda Hilst em 1965, a Casa do Sol abrigou a autora até sua morte em 2004. O terreno tem 9 mil metros quadrados, sendo 800 metros quadrados de área construída, rodeada por jardim. O IHH foi criado em 2005 como centro produtor e difusor de cultura em Campinas.

Serviço

O IHH fica na Rua João Caetano Monteiro, s/n, Quadra B, Chácara Casa do Sol, Parque Xangrilá, Campinas, fone: 19 3257-1076.