JOGO RÁPIDO

Sussurrando o caminho correto

Coluna publicada na edição de 24/9/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
ccarcani@gmail.com
24/09/2019 às 01:00.
Atualizado em 30/03/2022 às 11:49

A coluna de hoje seria sobre a escolha de Messi como melhor do mundo, mas a merecida vitória do argentino vai ficar para outra coluna. O personagem do dia é Nickollas. Cego e autista, ele tem 12 anos e desde os cinco acompanha os jogos do Palmeiras de um jeito muito especial. Silvia Grecco, a mãe de Nickollas, narra os jogos do time para o filho, que virou personalidade depois que o repórter Marco Aurélio Souza, da Globo, contou a história dos dois. A dedicação da mãe para levar a emoção do futebol ao coração do filho que não enxerga encantou o mundo. E foi por isso Silvia que ganhou ontem o Fifa Fan Award. O discurso da mãe de Nickollas em Milão foi emocionante. “O futebol pode transformar a vida dessas pessoas”, disse Silvia, que adotou o menino quando ele tinha poucos meses de vida. No caso do garoto, a influência positiva do futebol é notória. Ele ama um time que nunca viu, vibra com um esporte que nunca praticou e se emociona graças à incrível capacidade que sua mãe desenvolveu com um gesto de amor. Mas milhões de pessoas nem se dão conta de como o futebol é importante em suas vidas. É incrível como a inexplicável paixão por um time tem a capacidade de aproximar pais e filhos. Quantas famílias não viveram momentos especiais em um estádio, assistindo a uma batalha com 22 atletas? Quantos momentos que permanecem em nossa memória por décadas não foram vividos durante aqueles 90 minutos que aguardamos com ansiedade durante a semana? Não somos capazes de mensurar quanto tempo dedicamos ao futebol. Está presente nas conversas com amigos, no WhatsApp e até nas brincadeiras com aquela pessoa que você mal conhece, mas sabe para quem torce. O futebol também tem seus defeitos. São graves e não são poucos. Mas, convenhamos, é preciso ser muito especial para sobreviver a todos eles e ainda ser o esporte mais popular do planeta. Desejo que o prêmio de Silvia e Nickollas seja capaz de mostrar com mais clareza a você, leitor, o poder do futebol. Ao premiar essa linda família palmeirense, a Fifa nos lembra que também temos que narrar muitas coisas para nossos filhos, com ou sem deficiência visual. É nossa obrigação transmitir aos mais novos as coisas boas que fazem do futebol o que ele é. Essa é uma maneira de livrá-los de tantas coisas ruins que nos cercam, inclusive no esporte. Jovens nem sempre são capazes de enxergar isso e cabe a nós, como nos ensina Silvia, sussurrar nos ouvidos de nossos filhos o caminho correto. A bola pode nos ajudar.

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