Surpresas!

Vou começar o artigo de hoje fazendo uma pergunta a vocês pais e avós.Vocês estão satisfeitos com a qualidade, quantidade e variedade da alimentação de seus pequenos? Se a resposta for sim a leitura do artigo pode parar por aqui, mas se a resposta for não, continue com muita atenção. É muito importante a disciplina e horários na alimentação, obviamente associados a um equilíbrio nas fontes de proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas e sais minerais, o que vocês diriam se seus pequenos tivessem esse cardápio semanal? Segunda-feira: arroz, carne moída ou peixe, abobrinha refogada e salada de tomates. Terça-feira: macarrão parafuso integral com molho de carne em cubos e salada de repolho ou polenta com molho e pedaços de frango. Quarta-feira:macarrão com molho e pedaços de músculo acompanhado de salada de alface com beterraba. Quinta-feira: risoto de carne em iscas com cenoura e milho acompanhado de salada de alface com tomate. Sexta-feira: arroz, feijão ou lentilha, carne ao molho de abóboras. As sobremesas variam entre banana ou maça e acompanham a refeição sucos individuais de caju, maracujá ou laranja. Já sei, você vai dizer: “meu pequeno não vai comer isso, ele não come nada, nada, nada...”. Se o doutor der um estimulante do apetite, ele come! Pois para sua surpresa, e foi minha também, esse é o cardápio oferecido em algumas escolas estaduais e municipais de Campinas, uma parceria da Prefeitura Municipal e o Ceasa. Nesse último sábado fui dar uma palestra em uma escola de Campinas, e tive várias surpresas; a primeira foi a motivação e carinho que a diretora e a vice-diretora têm com a escola, pais e crianças, impressionante! A limpeza da escola, a organização e a disposição dos pais, num sábado à tarde, em irem assistir uma palestra cujo tema envolvia saúde das crianças, foi outra surpresa.Quando me mostraram esse cardápio, a primeira pergunta que fiz e acho que o leitor também deve estar fazendo foi essa: “e as crianças comem tudo?”. Outra surpresa, a vice-diretora respondeu que comem tudo e algumas até repetem.A explicação para essa tamanha fome, é que no período em que as crianças estão na escola não acontece o famoso belisco, leitinho, danoninho, bolachinhas e etc. Elas estudam, brincam no intervalo, tem atividades e na hora do almoço obviamente estão mortas de fome, entendeu porque quando ficam em casa elas não comem? Aproveito o espaço para parabenizar o Departamento de Alimentação Escolar e recomendar como exemplo para muitas escolas privadas que ainda insistem em manter as cantinas escolares lotadas de guloseimas hipercalóricas, com alto teor de sal oculto, sem contar a quantidade enorme de gorduras “trans” escondidas nesses pseudo-alimentos. Outra surpresa foi o espaço livre para as crianças brincarem, quadra, gramados, enfim um lugar para gastar energia e combater o sedentarismo, contrastando com algumas escolas que conheço onde tem sala para tudo, menos espaço para correr e brincar. O lar é outro lugar importante para aprender como deve ser uma alimentação correta e saudável, pedimos aos pais disciplina, regras e limites, mas infelizmente atualmente as crianças é quem ditam o cardápio em casa, sem contar a completa falta de atividades físicas, compensadas com algumas minguadas horas em escolinhas de natação, futebol, balé ou algo do tipo. Atitudes, hábitos e crenças envolvendo a escolha dos alimentos e o modo de como passar os tempos livres em família são fatores críticos para a formação de uma relação saudável com os alimentos, com a natureza e com a própria saúde da criança. Esperamos outras boas surpresas, em casa e em outras escolares que ainda não aderiram a um programa saudável de alimentação infantil. Surpresa!