Os neurocientistas chamam de "efeito placebo" a reação causada pelas superstições
Caso não seja o seu caso, você conhece alguém que faz alguma superstição na passagem do Ano Novo. Um ano, esse amigo guardou cinco sementes de romã na carteira e sua vida financeira ficou estável. No outro, esqueceu e suas finanças entraram no vermelho. No ano seguinte, então, voltou a fazer o mesmo procedimento. Esse hábito deu confiança a ele, o que os neurocientistas chamam de “efeito placebo”, segundo Renato Sabbatini, professor aposentado do Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Essas são associações aleatórias, criadas no lobo temporal do cérebro, que podem ser aprendidas ou desaprendidas em caso da crença não dar certo”, explica o cientista biomédico, com especialização em neurofisiologia e em informática médica.
O certo, segundo ele, é que essa fome cerebral por padrões ajudou os seres humanos, bem como todos os outros animais, a sobreviverem no mundo, e contribuiu para a formulação de “tabus” que regem comunidades, como não tomar batida de leite com manga e não comer carne de porco, para alguns grupos, porque fazem mal. “As pessoas que acreditam nisso chegam a passar mal ao beber ou comer, um resultado de como funciona o nosso cérebro emocional”, explica Sabbatini. Ele diz que as associações sempre induzem ao azar ou à sorte. “O cérebro, biologicamente, tenta descobrir coincidências.” Isso se deve a fatos primitivos, quando o homem por necessidade biológica e evolutiva passou a criar e a reforçar crenças. Nem sempre o cérebro distingue o que é real porque precisa crer em alguma coisa por precaução.
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