Espaço Gourmet

Suflê de talos de brócolis

Chef Lauro Lucchesi
cheflauro@rac.com.br
15/04/2015 às 15:16.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:11

Suflê de talos de brócolis - SEM LEGENDA (FOTOS: CIÉTE SILVÉRIO/ESPECIAL PARA METRÓPOLE)

O Brasil é um dos campeões em jogar comida no lixo. Todo ano, o País, que é um dos maiores produtores mundiais de alimentos, desperdiça 30 mil toneladas, 40% do que sai de suas terras. Para se ter uma ideia do que é esse montante, anualmente, cada pessoa joga fora 38 quilos de hortaliças (frutas, verduras, tubérculos e raízes) e aproveita nas refeições 35 quilos. Cá entre nós, é muito para uma nação que ainda tem grandes núcleos de pobreza e subnutrição.   O problema, no entanto, não é só nosso. A cada ano, um terço dos alimentos produzidos no planeta é descartado, enquanto 900 milhões de pessoas clamam por um prato de comida. No mundo, uma em cada quatro crianças abaixo dos cinco anos não atinge o peso ideal. Nos Estados Unidos, nas festas de Ação de Graças e de fim de ano são desperdiçados 20% dos alimentos. E, na Europa, somente entre 30% e 40% do que é produzido vai para a mesa do consumidor, principalmente, porque os produtos não correspondem aos critérios de seleção impostos pelos países.   O ato de jogar comida no lixo também provoca danos ambientais, pois libera o gás metano, muitas vezes mais nocivo do que o carbônico. Além disso, quem doa alimentos de restaurantes pode pegar uns bons anos de cadeia, segundo lei prevista pelo código de polícia, não pela Vigilância Sanitária. Entregar a alguém comida de restaurante ou matéria-prima em condições impróprias para consumo é responsabilidade do doador. Se os produtos estiverem bons, doados em condições de serem consumidos e não forem mantidos em condições de higiene nem transportados adequadamente, a culpa será sempre do doador. Mas sobra não é resto de alimento; resíduos vêm dos pratos não consumidos pelos clientes. Essa é a diferença.   Bem, aqui no Brasil a coisa começa lá atrás, onde mais de 60% dos alimentos cultivados pelos agricultores passam longe da mesa. Cerca de 20% dos produtos se perdem na colheita que, apesar dos avanços da tecnologia, ainda é feita manual e artesanalmente em muitas regiões. No transporte, no armazenamento e no processamento realizado pela indústria vai-se outra boa parte. Para fechar o ciclo, há que se considerar o processo culinário e os hábitos alimentares dos brasileiros, principalmente por falta de informações. O ato de desperdiçar alimentos, afinal, começa dentro de casa. E se o mundo ainda se dá ao luxo de jogar fora um terço dos alimentos que produz, somos nós que temos de dar o exemplo. Vamos cozinhar!   SUFLÊ DE TALOS DE BRÓCOLIS (para 2 pessoas) Foto: CIÉTE SILVÉRIO/ESPECIAL PARA METRÓPOLE   INGREDIENTES _Mais ou menos 350g de talos de brócolis _1 ½ xícara (chá) de leite semidesnatado _½ xícara (chá) de farinha de trigo _6 colheres (sopa) de creme de leite _1 colher (sobremesa) rasa de sal _1 colher (sopa) de raspas de limão _12 tomatinhos (sweet grape) confitados no azeite _3 gemas _6 claras _Azeite para untar _1 pitada de orégano _Queijo parmesão ralado   É FÁCIL   Elimino aquela parte que se diz nobre dos brócolis (os brotos e as flores) e a reservo para outro prato qualquer, que pode ser salada, arroz ou guarnição de filé. Com uma faca bem afiada, retiro a película de cada talo, sem machucá-los muito. Coloco-os em água fervente, espero cinco ou seis minutos (ou até ficarem macios), escorro, espero secar, pico em porções menores e reservo. Junto a farinha de trigo e o leite em uma panela e mexo até ferver. Reduzo o fogo e agrego o creme de leite, as raspas de limão, o sal e as gemas. Deixo cozinhar por dois minutos ou até engrossar, sem parar de mexer. Coloco a mistura numa tigela grande e junto os brócolis e os tomatinhos confitados, mexendo bem. Levo as claras a uma batedeira em velocidade alta até obter picos firmes. Delicadamente, misturo as claras em neve aos brócolis, com movimentos de cima para baixo. Unto um refratário (ou vasilhas individuais, se preferir) com azeite, acrescento a massa e polvilho queijo ralado e orégano. Asso em forno preaquecido a 160ºC por 40 minutos ou até os suflês ficarem dourados. Assim que gratinar, retiro e sirvo quente.   Veja só: são inúmeras as sobras que podem resultar em novas receitas. Talos de agrião podem virar farofa; cascas de manga e de abacaxi rendem bons sucos; o restinho de feijão vira uma sopa no inverno e a carne que restou do churrasco se transforma num belo arroz de carreteiro. E tem mais: talos de couve vão muito bem com arroz; cascas de banana podem ser ingredientes de um saudável bolo, enquanto as de mandioca viram chips; e o risoto que o pessoal não deu conta de comer transforma-se em apetitosos bolinhos de arroz.

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