Sócios decidem futuro do Guarani na terça-feira

Os sócios patrimoniais do Guarani decidem, na terça-feira (25), o futuro do clube pelos próximos três anos. Após a reforma estatutária, será eleito o primeiro Conselho de Administração da história do Bugre, que substitui a Diretoria Executiva. E o encontro nas urnas será entre dois personagens que viveram de perto a rotina do clube nos últimos 15 meses.Atual presidente e vice, o empresário Álvaro Negrão e o advogado Horley Senna serão finalmente adversários diretos após uma gestão que começou "unida", mas se fragmentou cada vez mais com o passar do tempo. Em entrevistas exclusivas ao Correio Popular, os líderes das chapas 'Avante Guarani' e 'Mude Já' falaram sobre seus projetos e os planos para tirar o clube do colapso.ÁLVARO NEGRÃOQuais são suas principais propostas para mudar a difícil situação do Guarani?Nós vamos continuar com a profissionalização do Guarani. O novo estatuto estipula normas de superintendência, tanto de futebol quanto administrativa e faremos com que esse estatuto seja colocado em prática. Já começamos a reestruturação e, com certeza, vamos conseguir melhorar bem nossos números, índices e, principalmente, buscar a salvação do Guarani através da equação das dívidas. A prioridade é trabalhar junto à Justiça Trabalhista e temos projetos reais para levar junto à Justiça e conseguir esse estancamento de todos os perigos que o Guarani corre.Em sua gestão neste mandato tampão, foi dada continuidade à negociação do patrimônio do clube, inclusive com aprovação da Prefeitura. Qual a perspectiva de finalização do projeto?Isso é uma parte do nosso projeto. Nosso projeto total não é baseado apenas no imobiliário, mas é uma realidade que está acontecendo. Temos grandes empresas envolvidas, do porte de Odebrecht, Multiplan. O Guarani fará uma permuta entre 20% e 25% do VGV (Valor Geral de Venda). É importante que o percentual gire em torno disso. Esperamos concluir o negócio entre uma semana e dez dias após a eleição para que possamos levar as propostas aos nossos sócios em assembleia. São propostas que contemplam tudo o que o Guarani precisa, que é o pagamento de dívidas em sua totalidade, excluindo a parte tributária, a arena multiuso e um clube social e centro de treinamento novos. O Guarani vive situação difícil no futebol. Qual é o planejamento para que o clube consiga sair das divisões inferiores nos campeonatos Paulista e Brasileiro?Com certeza, nós já temos o futebol dentro da prioridade para conseguir melhorias após a negociação imobiliária. Vamos ter suporte e infra-estrutura para o Guarani parar de trabalhar como vem trabalhando. Vamos continuar com a política pés no chão, que nos possibilitou montar bons elencos, mas tendo recursos, a tendência é melhorar o futebol e profissionalizar mais o departamento. Em décadas atrás, o clube social era indispensável e uma importante fonte de receita para o Guarani. Como encara esse departamento atualmente?Eu acho que a área social é muito importante, mesmo porque os donos do clube são os sócios. Eles têm que ser atendidos e nós vamos montar um clube novo, com equipamentos de primeiro mundo e localização privilegiada, que é onde está o atual CT. Fizemos pesquisas com os associados para levar em consideração a opinião deles sobre o que querem e, com certeza, vamos atendê-los dentro de suas necessidades. As categorias de base do clube estão entre suas principais preocupações?A base é extremamente importante para a estrutura do clube e, inclusive, já temos alguns projetos que podem ser iniciados imediatamente. Teremos o Amoroso, um ídolo da torcida, que irá assumir a base e terá ao seu lado pessoas com bastante experiência e conhecimento no futebol. Sem dúvida, a base é fundamental, principalmente para o sucesso dos times que carecem de mais recursos. Acredita que o iminente fracasso na Série A2 do Campeonato Paulista pode, de alguma maneira, influenciar o resultado das eleições?Tanto eu como o Horley fazemos parte desse gestão. E, se for alguma influência negativa, tem que ser para os dois. Ele era meu vice e participou ativamente de muitas coisas no futebol, apesar de, nesse momento, falar que não participou. Os dois lados perdem com isso. Ele só não perderia se não participasse da gestão como participou ou se tivesse saído antes. Por que sua chapa é a melhor opção hoje para o Guarani e não o grupo adversário?É só o sócio ver os bugrinos que estão participando dessa chapa, a história de vida dessas pessoas. A outra chapa tem muita gente ligada à política e que, em vez de estarem focados em resolver os problemas da cidade, estão gastando tempo e dinheiro do povo para tentar entrar no Guarani. E nós fizemos muitas coisas que outras gestões não fizeram. Resgatamos a credibilidade do Guarani e isso vai pesar na eleição. As pessoas sabem quem são os verdadeiros bugrinos, pois o Guarani corre o risco de entregar o clube para pessoas que torcem para outros times.HORLEY SENNAQuais são suas principais propostas para mudar a difícil situação do Guarani?O que nos fortalece e nos direciona ao objetivo de resgatar o Guarani são os patrocinadores em potencial que estão vindo colaborar com o clube. Não vou negar que, num primeiro momento, estamos preocupados com a situação emergencial do Guarani, que são as ações trabalhistas, as penhoras e, principalmente, os salários dos funcionários. A partir do momento que tivermos o amparo disso, vamos partir para outro objetivo, que é retomar o Gaex (Grupo de Apoio à Execução) e trabalhar o planejamento imobiliário.Uma das propostas de sua chapa também envolve a negociação do patrimônio. Qual é a ideia que a Mude Já tem nesse sentido?Eu e os membros do Mude Já não acreditamos que o entorno seja a solução do Guarani. Eu não levaria a minha família num shopping center com o jogo do Guarani contra um grande da Capital. Contamos com um projeto da Magnum, por meio do Roberto Graziano. Já é um trabalho aperfeiçoado, ele tem um planejamento e vemos a possibilidade do Guarani ter uma nova arena em um local que analisaremos a disponibilidade e o clube social seria utilizado no próprio CT. A partir do momento em que o projeto for aprovado pela assembleia, o investidor entraria com uma carta fiança no valor da dívida do clube para regularizar a situação financeira do Guarani já que, para que todas as medidas sejam tomadas, é o projeto que leva entre um e dois anos para se concretizar. O Guarani vive situação difícil no futebol. Qual é o planejamento para que o clube consiga sair das divisões inferiores nos campeonatos Paulista e Brasileiro?Queremos reformular o futebol, ter no departamento profissionais com conhecimento e vivência. Além disso, temos uma carta de apoio do empresário Juan Figer. Se vencermos as eleições, ele nos disponibilizará uma lista de atletas de potencial e renomados com a perspectiva do Guarani ter custo zero nessas contratações, caso a comissão técnica opte por esses jogadores. Em décadas atrás, o clube social era indispensável e uma importante fonte de receitas para o Guarani. Como encara esse departamento atualmente?Sabemos que o clube só vai bem se o futebol vai bem, mas precisamos diferenciar e fazer planejamentos diferentes. O social deve se manter com sua receita e o futebol com sua receita, o que infelizmente, hoje, não acontece. Dentro da nossa proposta, existe um trabalho de manutenção e reforma do clube. Isso independente do projeto imobiliário. O clube não pode ficar largado. Logo de imediato, vamos providenciar e manutenção e deixar, no mínimo, da forma que os sócios merecem. As categorias de base do clube estão entre suas principais preocupações?Sem dúvida. Uma ideia é criar as categorias sub-9, sub-11 e sub-13 e trabalharmos com profissionais qualificados, pessoas do ramo da bola. Também vamos montar uma comissão transitória entre sócios e conselheiros, que serão remanejados de seis em seis meses, para que possam dar atenção especial a isso e não deixar o amador do Guarani na mão de uma pessoa. Pretendemos criar uma filosofia própria do Guarani, dando total amparo à base e reestruturando o alojamento e dependência para que eles tenham condições mínimas de permanência no clube. Acredita que o iminente fracasso na Série A2 do Campeonato Paulista pode, de alguma maneira, influenciar no resultado da eleição?Acredito que, independente da eleição, o Guarani é maior que qualquer candidato. E eu não penso em qualquer tipo de influência. Acho que temos que acreditar até o fim que é possível subir. Enquanto houver 1% de chance, eu tenho 99% de esperança. Por que sua chapa é a melhor opção hoje para o Guarani e não o grupo adversário?A nossa chapa é a melhor opção, pois a Mude Já tem um projeto concreto, mostra que tem planejamento, propostas, patrocínios e investidores. E trouxemos, mostramos quem são essas pessoas em um workshop recente. Não se trata de estar na marca do pênalti, nem em fazer depois das eleições. Nossas propostas são muito transparentes e reais.