GUTO SILVEIRA

Sobre pesos e medidas

Guto Silveira
08/05/2013 às 21:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 17:06

Há algumas equações que não fecham. Pois veja bem. Os mesmos vereadores que se apressaram a emitir parecer e encaminhar a votação de projetos que criam cargos e gratificações na Administração Municipal relutam em assinar um requerimento de constituição de uma Comissão Especial de Estudos (CEE) para analisar a situação do funcionalismo na Prefeitura, para saber, por exemplo, quantos são os cargos em comissão e os servidores terceirizados. O requerimento em questão foi apresentado pelo vereador Ricardo Silva (PDT) e recebeu, além da dele próprio, apenas mais seis assinaturas. Os outros 15 vereadores, a maioria esmagadora da base aliada da prefeita Dárcy Vera (PSD) faz de conta que esse assunto não tem pertinência, que não é preciso fiscalizar. Criar cargos, aumentar salários e benefícios com o dinheiro do contribuinte é assunto urgente. Fiscalizar como os recursos dos impostos são aplicados não tem qualquer pressa. E gasto com servidores diz, sim, respeito aos contribuintes. “Depois a Câmara diz não saber porque sofre críticas”, disse na sessão de terça-feira (7) o vereador Beto Cangussú (PT), um dos que assinou o requerimento, se referindo à mudança de comportamento em relação aos projetos e à pressa com que foram votados. Por isso, caso o gasto com pessoal e encargos ultrapasse o limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), os vereadores também deveriam ser “enquadrados” como co-responsáveis, porque aprovam as despesas. Talvez assim fossem forçados a fiscalizar e a adotar pesos iguais para medidas parecidas.

LINGUA SOLTA

A Câmara Ribeirão Preto aprovou projeto de autoria do vereador Maurício Gasparini (PSDB) que torna obrigatório o chamado “teste da linguinha” nos recém-nascidos nos hospitais e maternidades de Ribeirão Preto. O teste permite diagnosticar precocemente a chamada “língua presa”, indicando o tratamento adequado. A língua presa traz ao bebê problemas de sucção na amamentação, deglutição, e posteriormente, de mastigação e fala.

PELO SUS

Segundo fonoaudiólogos, o “teste da linguinha” evita que o bebê cresça com dificuldades de fala, é simples, não causa dor e é garantido pelo SUS. Brotas, por exemplo, tornou obrigatória a realização do “teste da linguinha”, possibilitando um avanço no sistema da saúde pública naquele município paulista.

PALMAS E ELOGIOS

Os vereadores de Ribeirão Preto se esmeraram na sessão de terça-feira (7). Depois de conseguirem dar parecer e aprovar rapidinho dois projetos que criam cargos e gratificações a servidores, um deles, Walter Gomes (PR), pediu uma salva de palma aos vereadores que votaram o projeto. Só faltou pedir uma vaia aos contribuintes, que vão pagar a conta. Tomar injeção com braço alheio é fácil.

COM TRADUÇÃO

A TV Câmara fez, na terça-feira, um teste para que os programas da emissora tenham tradução pela linguagem de libras, para que surdos e mudos possam entender o que está ocorrendo durante as sessões e os programas. O projeto que criou a “nova linguagem” é do vereador Léo Oliveira (PMDB).

NEM TANTO

Mas já há vereador ironizando e até querendo ficar surdo para entender um pouco do que o presidente da Mesa Diretora, Cícero Gomes da Silva (PMDB), lê durante as sessões. De discurso claro e incisivo quando quer, o presidente faz “leitura dinâmica” dos projetos e come palavras. Já até um jargão de “vado”, quando ele deveria pronunciar aprovado, aos finais das votações.

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