No dia 8 de outubro de 2013, o Papa Francisco convocou a III Assembléia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, a cerca do tema: “Os Desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. A secretaria geral do sínodo elaborou um documento com muitas questões que despertou uma ampla resposta eclesial. Na Assembléia Geral Extraordinária que começou no dia 5 de outubro de 2014 os padres sinodais analisarão os dados, testemunhos e sugestões vindas de todos os continentes. Na Assembléia Geral ordinária que se realizará em 2015, os bispos e demais presentes deverão elaborar um documento com linhas de ações pastorais que nortearão o agir dos cristãos em suas respectivas dioceses, paróquias e comunidades. Trata-se de um tema muito complexo com grande variedade de ações e pensamentos em relação ás questões pastorais e ao mesmo tempo doutrinárias. A preocupação principal do Papa ao convocar o sínodo reside no aspecto pastoral, ou seja, como agir pastoralmente diante dos muitos desafios familiares que se apresentam em nossas comunidades. O documento de preparação apresenta um conjunto de “situações familiares” que coexistem em nossas atividades, tais como: matrimônios mistos ou inter-religiosos, família monoparental, poligamia, matrimônios combinados, com a consequente problemática do dote, por vezes entendido como preço de compra da mulher, sistema de castas, cultura do não-comprometimento e da presumível instabilidade do vínculo, formas de feminismo hostis a igreja, fenômenos migratórios, reformulação da própria ideia de família, pluralismo relativista na noção de matrimônio, influência dos meios de comunicação de massa sobre a cultura popular na compreensão do matrimônio e da vida familiar, tendências de pensamentos subjacentes a propostas legislativas que desvalorizam a permanência e a fidelidade do pacto matrimonial, difundir-se das mães de substituição (barriga de aluguel), novas interpretações dos direitos humanos e tantos outros. Estas e outras situações serão objeto de estudo dos padres sinodais. Trata-se, na verdade, de pensar em conjunto a partir das mais variadas experiências familiares no contexto de uma sociedade em constante evolução. O apelo pastoral ganha evidência na compreensão do tema da misericórdia e da compaixão diante das chamadas “situações complexas” ou mesmo “difíceis”. A tarefa pastoral compreende conhecer de perto estas realidades e antes de qualquer julgamento preconceituoso saber dialogar com espírito critico com o objetivo de buscar uma ação adequada. O julgamento preconceituoso apriori deve ser descartado, pois acima de tudo está o acolhimento fraterno. A Igreja enquanto uma mãe que acolhe a todos e não julga a partir das aparências, deverá saber compreender com parcimônia e equilíbrio todas as situações pastorais seja nas periferias dos grandes centros ou mesmo nos locais mais abastados. A teoria da gradualidade da vida moral deve ser levada em conta sob a condição de compreender o inteiro processo vital no qual as pessoas estão inseridas. Sem perder o ideal da vida cristã e a tradição das formulações doutrinárias, a pastoral deve ser regida pelo espírito da misericórdia que sabe acolher com dignidade a fragilidade humana. O nosso tempo não é fácil, mas a sabedoria divina e a prudência humana saberão apresentar razões que irão possibilitar um acolhimento pastoral digno de respeito e maturidade pessoal.