Bruno Silva deve defender a Chapecoense no Campeonato Brasileiro. O volante já conversou com o clube catarinense e quer deixar o Moises Lucarelli, o que, segundo a diretoria alvinegra, só vai acontecer quando a Chapecoense pagar a multa de rescisão. Parece óbvio a Ponte só liberar o atleta depois que recebe, mas nesse estranho mundo do futebol brasileiro, isso é uma obrigação nem sempre cumprida. O Santos deve à Ponte Preta pelo empréstimo do atacante Rildo. O Corinthians deve à Ponte Preta pelo empréstimo do volante Ferrugem. As duas transações foram feitas há muito tempo e a Macaca ainda luta para receber, embora tenha negociado com dois clubes grandes do estado mais rico do País. A postura que a Ponte Preta adota agora com a Chapecoense deve ser tomada com todos os clubes em negociações futuras. O dirigente que não fizer isso estará agindo de forma irresponsável na gestão dos interesses do clube. Infelizmente, é prática comum no futebol brasileiro atrasar salários, sonegar impostos e não honrar outros compromissos, entre eles o pagamento a outros clubes. Este cenário inconsequente não é novidade para ninguém. Há muito tempo funciona assim e quando a gente pensa que vai melhorar, surgem novos números de dívidas astronômicas e de calotes aqui, aí, ali e acolá. Isso não vai melhorar enquanto os clubes não tiverem proprietários ou enquanto os dirigentes não forem legalmente responsáveis por seus atos. Enquanto qualquer presidente puder fazer o que bem entender com o dinheiro de um clube e depois do final do mandato ir para casa como se nada tivesse acontecido, o futebol brasileiro não vai evoluir. Até lá, a Ponte — e isso vale para qualquer agremiação — precisa cuidar de seus interesses. E um modo de fazer é só assinar a liberação de seus atletas somente depois que o pagamento for efetuado pelo interessado. Não é aceitável que o clube se comporte de outra forma. Ferrugem foi emprestado há 13 meses e a Ponte ainda não recebeu. Rildo foi emprestado há 16 meses, já voltou, e a Ponte ainda não recebeu. Consciente que o mercado “funciona” assim, a diretoria da Ponte tem a obrigação de cuidar da melhor forma possível das finanças do clube. E um modo de fazer isso é só liberar atletas negociados com dinheiro em caixa. Não importa se o atleta quer ir embora e se um presidente tem bom relacionamento com outro. A Ponte precisa cuidar do que é seu.