Elvis não morreu, todos sabem. Seu paradeiro ainda é uma incógnita. Seu último show, segundo constam os registros virtuais, aconteceu em Santo André e durou apenas um punhado de minutos. Elvis, o jogador, não salvou o futebol tampouco o rock and roll. De quebra, deixou soando cá em meus ouvidos o ruído de mais uma metáfora de botequim: fosse o Brasileiro um festival de música, quais são os clubes que têm feito por merecer o alto preço que pagamos pelo ingresso?Hoje, dia de Metallica no palco principal do Rock in Rio, a equipe mais heavy metal, segundo meu amigo roqueiro-tricolor Luquinha, é o Cruzeiro. Não apenas por manter-se por mais tempo no line up da programação boleira, mas principalmente por ter lançado um hit atrás do outro: A Raposa é disparada a equipe dos golaços deste Brasileirão até agora.Tudo, aliás, no grupo comandado pelo manager Marcelo Oliveira nos faz lembrar de música. Começa pelo próprio técnico eficiente e discreto. Oliveira é a personificação de Peter Grant, o lendário empresário do grupo inglês Led Zeppelin. Ambos pouco aparecem, mas sabem controlar egos e dão espaço para virtuosismos esporádicos de seus principais talentos. A diferença é que não há nenhum Jimmy Page na metade azul de Minas Gerais. O conjunto, assim como acontece com o vizinho de tabela Botafogo, é o que dá o tom das melodias a cada rodada. O Bota, por sinal, também tem mandado ver na harmonia do elenco, com um ou outro espaço para solos individuais e vai brigar pelo título de banda do ano até dezembro.E o que dizer dos times paulistas? Vejo o Corinthians e lembro do mestre Tim Maia em fim de carreira: diz que vai pro show, mas não aparece; mesmo no auge (como esquecer, pois, que o Timão ainda é o campeão do mundo?), não faz questão de dar espetáculo e seus músicos parecem ter cansado da própria labuta. Hoje, quem mais rouba a cena (achei que tinha abolido o clichê) é o São Paulo, quem diria. Depois de não lançar nada que preste nos últimos anos, o Tricolor volta a ser um sucesso, como se incorporasse Neil Young, e canta em plenos pulmões que o rock and roll que outrora inaugurava cada show no Morumbi nunca morrerá.Ah, e tem a Ponte Preta, que está mais para Elvis — desta vez o de Memphis. Mesmo que todos deem sua morte como certa, sempre haverá alguém para dizer o contrário. Resta saber se a Macaca, a exemplo do rei do rock, não morrerá jamais.