JORGE MASSAROLO

Sobre duas rodas

O Brasil se equilibra sobre duas rodas. Não, não estou falando da crise econômica e política pela qual passa o comando da Nação.

Jorge Massarolo
08/10/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 04:08
Jorge Massarolo, editor ( Cedoc/ RAC)

Jorge Massarolo, editor ( Cedoc/ RAC)

O Brasil se equilibra sobre duas rodas. Não, não estou falando da crise econômica e política pela qual passa o comando da Nação. Falo sobre motocicletas, estas pequenas máquinas que transportam milhões de pessoas diariamente por todo o país. É um meio de transporte cada vez mais utilizado em decorrência da precariedade do serviço público e das cidades entupidas de automóveis. Na terça-feira estive na abertura do Salão Duas Rodas, em São Paulo, considerado o maior evento de motociclismo da América Latina. Quem gosta de motocicletas não pode perder. Ali estão modelos que custam desde R$ 5 mil a mais de R$ 100 mil. Obviamente, são destinados a dois públicos diferentes. O segundo valor representa o sonho e estilo de ser motociclista, embalado por modelos clássicos dos ícones da rebeldia e liberdade, como Harley-Davidson, Indian, Honda, Yamaha, Triumph. Mas entre as poderosas máquinas destacam-se as de baixa cilindrada, voltada ao brasileiro que não tem condição de ter um carro e que precisa fugir das horas perdidas dentro de ônibus superlotados e parados em intermináveis congestionamentos. E são milhões. Durante o evento, conversei com o gerente de uma concessionária da região Norte do País. Em sua área de abrangência a moto é o principal meio de transporte das famílias. No banco destinado para duas pessoas, cabem até quatro, além de pequenas bagagens. Faça chuva ou sol, a moto é o veículo de transporte mais usado. Nestes locais o transporte público praticamente inexiste. Já nas grandes cidades, o ônibus existe, mas é caro, lento e superlotado, o que leva o cidadão que quer um pouco mais de liberdade, rapidez e economia a recorrer às duas rodas. Há algum tempo conversei com um médico especialista em trauma e ele estava preocupado com a “geração de deficientes físicos” que os conflitos no trânsito entre motoristas e motociclistas está criando. São pessoas em plena idade produtiva que se tornam incapazes. Ao mesmo tempo, reconheceu que o transporte sobre duas rodas (incluo também a bicicleta) é um processo irreversível, daí a necessidade de motoristas, pedestres e motociclistas se entenderem para evitar o grande número de tragédias. O fato é que o carro não é mais majoritário nas ruas. Motos e bicicletas querem seu espaço, com segurança. É um conflito que exige prudência e paciência de todos envolvidos. E quem gosta de motocicletas não pode perder o Salão Duas Rodas.

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