ZEZA AMARAL

Sobre desculpas esfarrapadas

02/06/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 13:54

Homem ou mulher, quem chegou à Presidência da República o fez pelos seus próprios méritos. Ou melhor, participou da eleição porque quis e apenas isso. Ou melhor ainda: para ganhar a indicação de seus pares no partido teve que atravessar um deserto de dissabores pessoais e um oceano de traições de militantes.

Quem quer o poder tem que fazê-lo por conta de todos os riscos possíveis, portanto. E ganhando ou perdendo continuará com o mesmo passivo da militância. E o que nós temos com isso, hein?

E eis aí a presidente Dilma Rousseff que não me deixa mentir. E é fascinante a sua cara de mandona que muito esconde um largo sorriso de felicidade por ter conseguido chegar onde chegou. O problema é que ela nunca soube direito como se administra uma lojinha de 1,99, como aquela que ela abriu em Porto Alegre e que faliu meses depois. Ela é mulher que bate na mesa e desacata seus subalternos, o que é muito comum em gerentes incompetentes. E o resultado está aí batendo nos grandes portais da Presidência da República, um pibinho de quase um porcento, a inflação ganhando musculatura e o Brasil despencando nos índices econômicos internacionais.

Daí não ser novidade a incompetência da Caixa Econômica Federal para gerir os pagamentos do Bolsa Família, fato que virou um escândalo político — na boca dos petistas, é claro — e configurado na invasão popular que ocorreu duas semanas atrás, em 13 estados do Norte e Nordeste brasileiros. A presidente Dilma Rousseff tratou o caso como uma ação criminosa; Lula, o ex-presidente, falou que era uma “brincadeira estúpida”; o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, afirmou que um crime havia sido cometido, talvez mais; e a ministra Maria do Rosário foi ainda mais cáustica: o boato teria sido criação de oposicionistas.

Horas depois, a 'Folha de São Paulo' descobriu que toda aquela correria à Caixa tinha sido provocado pela própria... Caixa! Tanto que o presidente da instituição teve que vir a público para se desculpar, embora tenha mentido antes, fazendo coro com a sua presidente e tantos outros petistas. Ou seja: a bagunça no País é tanta que ninguém sabe mais quem manda no quê. No caso da CEF, um funcionário do terceiro escalão resolveu antecipar o pagamento do Bolsa Família do mês de maio e despejou cerca de 2 bilhões de reais no mercado. O estado-dependente fez a a sua parte e engarrafou o trânsito bancário.

Dilma Rousseff deve desculpas ao País. O ministro José Eduardo Cardoso deve desculpas ao País. Lula deve desculpas ao País. Isso apenas para ficar nos maiores nomes petistas. E o presidente da CEF, Jorge Hereda, continua no cargo. Ele é petista de longa data e Dilma o considera um grande quadro técnico do PT. É assim mesmo que a coisa funciona no petismo: quando a coisa dá errado, é culpa da oposição; e se o erro foi de algum petista então não foi erro, mas, sim, excesso de zelo.

E o Bolsa Família segue comprando o voto de quase quarenta milhões de eleitores. Um dinheiro que sai do meu e do seu bolso, meu raro leitor, um dinheiro que não me importaria de pagar desde que fosse investido para descobrir e subsidiar pobres talentosos que viessem a contribuir com novos negócios em suas regiões, e, sobretudo, para criar empregos melhores classificados. E, pensando bem, que se danem as desculpas do governo. Mesmo porque elas não servem para nada.

Bom dia.

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