CARLO CARCANI

Sobre cartolas, bandeiras e mascotes

Carlo Carcani
08/03/2015 às 15:04.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:12
ig-carlo-carcani (AAn)

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País-sede da Copa América de 2015, em junho, o Chile está bastante preocupado com torcedores violentos. Para impedir a ação dos criminosos, o governo criou o Plano Estádio Seguro. A intenção é boa, mas o Chile começou patinando ao anunciar a proibição de bandeiras. Capazes de encantar crianças e emocionar adultos, elas têm o poder de melhorar o evento. Um garoto que sai de casa com sua bandeira, ansioso para agitá-la no estádio, passa a ver o futebol com outros olhos. É uma experiência marcante, que fica para sempre na memória. Mesmo para o torcedor adulto que vai ao estádio de mãos abanando, do jeito que a cartolagem de hoje em dia gosta, as bandeiras fazem muita diferença. Quem já viu uma arquibancada com aqueles panos mágicos e sagrados tremulando sabe do que estou falando. O argumento de José Roa, responsável pelo Plano Estádio Seguro, é muito fraco. Segundo ele, bandeiras podem esconder armas de torcedores criminosos. Se for assim, um estádio seguro mesmo precisa proibir que torcedores usem roupas com bolsos, por exemplo. A solução óbvia para o problema apontado por Roa é revistar as bandeiras. Não deve levar mais do que 15 segundos. O grande problema dos cartolas sul-americanos é que eles tentam combater a violência tirando coisas boas das arenas. É lamentável que no Estado de São Paulo os torcedores não possam ir ao campo com bandeiras. Essa medida foi imposta há anos e a violência continuou crescendo. Os jogos ficaram menos atraentes, mas os caras que se comportam mal continuam lá. E tudo indica que vão continuar badernando por muito tempo porque os dirigentes são péssimos e antiquados. Na Libertadores, os mascotes dos clubes não podem entrar no gramado para entreter o público. O artigo 14.7 (sim, é verdade, criaram um artigo para isso) do regulamento se chama “Proibição de mascotes internacionais ou de patrocinadores no campo de jogo e seus arredores”. As punições para quem cometer essa grave infração vão de multas de US$ 10 mil a dois jogos com portões fechados. Portanto, na próxima vez que você for ao estádio, deixe sua bandeira de alta periculosidade bem trancada na gaveta e em nenhuma hipótese permita que seu filho se aproxime de um mascote. E fique tranquilo porque nossos cartolas seguem trabalhando para oferecer a você a melhor experiência possível, em estádios cada vez mais chatos, digo, seguros.

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