Duas jovens prestaram depoimento na DDM; delegada acredita que número pode ser bem maior
O pastor acusado de estupro em Franca tem uma filial de sua igreja em Itaú de Minas (foto), (Divulgação)
Subiu para quatro o número de jovens vítimas de estupro de um pastor evangélico em Franca, interior de São Paulo. Duas irmãs, de 12 e 15 anos, já haviam denunciado o acusado que responde agora também pelo abuso sexual contra duas garotas de 20 e 21 anos.
Para a delegada Graciela de Lourdes David Ambrósio, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o número de vítimas pode ser bem maior. Ela contou que o acusado, que está foragido, já esteve preso por receptação, estelionato e crime eleitoral em Itaú de Minas, onde mantinha uma filial de sua igreja.
De acordo com a delegada, as vítimas foram muito convictas em seus depoimentos e a forma de agir do suspeito é sempre a mesma. "Ele fala que Deus está mandando e aproveita para praticar os atos libidinosos".
Reação
O Conselho de Pastores de Franca, que conta com 120 componentes, deve publicar uma nota de repúdio ao ocorrido. A alegação é que o acusado não está inscrito na congregação, sendo visto como um aventureiro que abriu igreja para se aproveitar.
O Conselho de Pastores de Franca, que conta com 120 componentes, criticou a proliferação de igrejas evangélicas na cidade. Também garantiu que o religioso acusado de molestar adolescentes não faz parte da entidade.
O pastor Otávio Pinheiro, membro do Conselho, diz que tem pessoas que fazem uma espécie de estágio em igrejas consagradas e conhecidas. E depois saem e criam seus próprios templos sem ter que se submeter a qualquer norma ou seguir algum preceito.
"Essas pessoas abrem igrejas para serem mandatárias, muitas vezes fazendo coisas erradas e respingando em todo mundo", afirma. Para ele, talvez essa seja a situação do suspeito de agora. "Nunca tinha ouvido falar daquela igreja", afirma.
A igreja a que Pinheiro se refere fica no Jardim Redentor, em Franca, e está fechada desde o início desta semana, quando o pastor do local foi acusado de estupro contra duas irmãs adolescentes, de 12 e 15 anos. Elas dizem que sob o pretexto de tirar o diabo do corpo, ele acariciava suas partes íntimas.
O acusado chegava a passar "óleo ungido" no corpo das garotas e a introduzir seus dedos em um ritual de purificação. Outras meninas que também teriam sido vítimas ficaram de depor na polícia que deve pedir a prisão do suspeito.
O pastor está desaparecido, mas sua igreja teria uma filial em Itaú de Minas, sua terra natal, e para onde a polícia acredita que possa ter fugido. A reportagem apurou que naquela cidade o acusado também esteve envolvido em muitas situações estranhas, mas sempre se safou.
"Ele é muito esperto, vai ser difícil a polícia pegar ele", contou uma moradora de Itaú que diz conhecer o religioso há anos. Casado, o dito pastor antes de sumir deixou em Minas Gerais a mulher e uma filha.