ZEZA AMARAL

Sob a lona do circo da bola

05/11/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 10:35

Diego Costa é um jogador de futebol. Nem brasileiro nem espanhol. É boleiro e artilheiro. Nunca jogou em campos profissionais do Brasil, sequer em estádios da América Latina. No último domingo, jogando pelo Atlético de Madrid, ele fez mais um gol no Campeonato Espanhol, contra o Atlético de Bilbao, e se tornou artilheiro ao lado de Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, com 13 gols.Lagarto é uma pequena cidade de Sergipe habitada por cerca de 30 mil almas brasileiras. Diego da Silva Costa nasceu lá no dia 7 de outubro de 1988. Ou seria jogador de bola, colhedor de tabaco ou funcionário do único Walmart da cidade.Um parente ou um treinador competente viu que o menino era bom de bola e o negociou com o Sporting de Braga, equipe que não o escalou para nenhuma partida em 2006, sendo levado, após alguns meses, para o Penafiel, onde atuou em 13 partidas e fez cinco gols. De 2007 a 2009, no Atlético de Madrid, não jogou nenhuma partida e depois de passar pelo Celta de Vigo, Albacete, Valladolid, voltar ao Atlético de Madrid, e depois a Rayo Vallecano, sempre emprestado, retornou ao Atlético de Madrid para, em setembro de 2013, marcar, em pleno Estádio Bernabéu, o gol que daria a vitória e que quebraria um jejum de 14 anos em que os conhecidos “colchoneros” não ganhavam uma partida do Real Madrid. Naquele dia, Iniesta chamou Diego Costa de “imelhorável”.Nunca vi Diego Costa jogar — e se vi não prestei atenção, visto que o futebol europeu não é o meu sol. Sei dele o tanto o quanto sei das estrelas do céu, dos planetas e dos sonhos dos poetas. Pelo pouco que andei lendo por aqui e ali é um daqueles brasileiros que não foram valorizados na sua terra, na sua cidade, no seu país. Ele fez dois jogos pela Seleção Brasileira e nem percebi — mesmo porque Seleção em pré-Copa é a cebola, o alho e o pimentão que a gente tem de escolher na feira do bairro — há quem goste de ir ao Mercadão Municipal, mas lá só tem “felipão” que só mostra o mesmo do mesmo e que não vale a hora do estacionamento que se cobra, se é que fui muito sutil e entenda lá quem quiser.Diego Costa é boleiro do mundo e tem mais é que cuidar da sua vida profissional; e a Seleção Brasileira já não é currículo para nenhum jogador de futebol e muito menos para um velho torcedor como eu. Pelo visto, deve ter pai e mãe que bem cuidam dele e que bem sabem como é a vida debaixo da grande lona que cobre o circo planetário. Mas o velho torcedor que aqui escreve vai torcer para a seleção canarinho cantar mais alto no poleiro da bola e que o boleiro Diego Costa siga honrando seus valores profissionais, leal a quem o ajudou a ganhar a vida com honestidade e competência. Afinal, tudo isso é apenas futebol e vida. Apenas isso.Bom dia.

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