O Brasil chega ao final de uma das campanhas mais difíceis de sua história por conta de uma intensa polarização entre duas posições extremadas. Mais do que a polarização esquerda-direita tradicional, a campanha se caracteriza pelo confronto entre aqueles que defendem as propostas articuladas pelo lulopetismo e aqueles contrários à volta do PT ao poder. Decisão difícil para muitos brasileiros que não se sentem representados por nenhum dos lados pois a alternativa a esses dois extremos não foi construída ao longo da campanha. Políticos tradicionais com práticas antiquadas apresentando-se burocraticamente como alternativa, demonstrando pouca convicção de suas posições não conseguiram amealhar aprovação na maioria do eleitorado. Chegamos assim a uma situação em que devemos escolher entre duas alternativas indesejadas que poderão mergulhar o país num período de mais incertezas. A maior parte da população parece optar pelo desconhecido, contra o que conhece e certamente não quer. É assim que Bolsonaro sobe nas pesquisas, arrebanhando o voto dos insatisfeitos com o jeito petista de governar. A sociedade brasileira possui complexas estruturas consolidadas em bases democráticas e seja qual for o vencedor, este não conseguirá impor com facilidade as propostas de cerceamento das liberdades democráticas arduamente conquistadas. Dentre essas liberdades, a de imprensa é uma das mais importantes, pois é através dela que a população obtém informação. A aparente parcialidade de alguns órgão de imprensa a favor de um dos candidatos não fortalece o papel da mídia, ao contrário, sinaliza a possibilidade de tornar-se porta voz oficial de um futuro governo, abandonando de vez o senso crítico que caracteriza o jornalismo numa democracia. O papel esperado da imprensa sempre foi o de ser a consciência crítica da sociedade, apontando as falhas e desvios do governo de turno e impondo-se como um quarto poder. Isto só acontece se a mídia como um todo se une em defesa de sua própria liberdade de agir. Historicamente os ataques à liberdade, de modo geral, foram combatidos com sucesso através de ampla unidade visando isolar os agressores à democracia. Dito isso, é bom ficar claro que não foram somente os políticos do centro democrático que não conseguiram estabelecer uma frente única contra os extremos que nos ameaçam. A mídia também tem sua parcela de responsabilidade, pois até o momento não conseguiu estabelecer a unidade necessária para se articular em defesa da liberdade de imprensa, seja qual for o eleito. A alternativa que se apresenta à sociedade brasileira, caso qualquer um dos dois extremos seja eleito é a construção da resistência nos próximos quatro anos. Essa vai ser a linha comum de atuação de todos aqueles que prezam a vida democrática. Resistir será necessário para preservar nosso modo de vida. Sem meias palavras, o grande responsável pela possível eleição de um candidato de extrema-direita no Brasil é o lulopetismo, com a sua prática agressiva de nós contra eles e a necessidade que tem essa corrente política de identificar um inimigo para facilitar a manipulação das massas. Deste modo quando necessário apontam como inimigo o imperialismo, a direita, a elite, os fascistas, os conservadores, as oligarquias ou outros, reais ou imaginários, que serão utilizados no discurso; quando na realidade, o lulopetismo é pragmático alia-se a qualquer um desde que se mantenha no poder. Quando no poder construí alianças impensáveis para um partido dito de esquerda, preferencialmente com oligarcas conhecidos, principalmente do norte e nordeste, as maiores empreiteiras do país, grandes empresários, latifundiários, banqueiros e outros grupos identificados como à direita do espectro político. Na atual campanha petista repetem-se as alianças, particularmente, com os setores mais atrasados da elite brasileira: a oligarquia nordestina. É desse modo que a maioria do povo caminha para o desconhecido, Não quer o que conhece e o abomina de tal forma que até ignora o perigo do outro lado. Só nos resta nos preparar para um período de intensa resistência democrática e assim enfrentar as ações de retrocesso do próximo governo, seja qual for o eleito entre as duas alternativas mencionadas. Resistir é preciso.