Quando foi anunciado como novo treinador do Guarani, Vágner Mancini disse que o time tem que ser chato, marcar muito e jogar com velocidade. A observação me chamou a atenção porque o Guarani não tem sido nada chato, longe disso. Na verdade foi bem camarada. Defesa vulnerável, setor de criação inoperante e ataque irregular, que fez muitos gols em alguns jogos e passou em branco em tantos outros. O auge da camaradagem foi atingido na derrota para o Santos, quando os Meninos da Vila tiveram toda liberdade do mundo para marcar oito gols e perder outros oito. Quase que o estoque de dancinhas chegou ao fim. Não escrevi nada sobre o assunto na semana passada porque queria ver se Mancini voltaria ao tema na entrevista seguinte. E hoje, após ser apresentado ao elenco bugrino, ele deu a seguinte declaração: “Hoje não dá mais para usar só 100% no futebol. Isso não é mais suficiente porque a maneira como o futebol moderno é jogado exige muita concentração, um comprometimento fora do normal e aquele atleta que joga numa zona de conforto será descartado no mercado. O que eu pedi a eles é que se empenhem ao máximo.” Se Vágner Mancini receber bons reforços e conseguir traduzir seu discurso para dentro de campo, o Guarani fará um belo Campeonato Brasileiro. Hoje, com o nível técnico dos clubes grandes, 100% realmente não é suficiente. A Série A reúne os 20 melhores times do país do futebol e os jogadores que se destacam nela são muito valorizados. Mas, para se destacar, não dá pra jogar na “zona de conforto”. Mancini tem uma linha de trabalho correta: exige mais de 100%, muita concentração e comprometimento fora do normal. É tudo o que o torcedor que ver.
