Espaço Gourmet

Simplesmente espetacular

Dono de paisagens surpreendentes e produtor de ótimos vinhos, o Chile também encanta pela culinária, que combina influências dos nativos e dos colonizadores europeus

Chef Lauro Lucchesi
cheflauro@rac.com.br
29/04/2015 às 18:22.
Atualizado em 23/04/2022 às 16:10

Pastel de choclo - USAR SEM LEGENDA (FOTOS: CIÉTE SILVÉRIO/ESPECIAL PARA METRÓPOLE)

Faixa de terra espremida entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes, o Chile é dono de uma espetacular geografia de extremos. Suas paisagens chegam a ser cenográficas, impactantes. No entanto, pontos famosos como Cerro Santa Lucia, com quase 300 degraus e onde se originou a capital, Santiago; o Palácio de La Moneda e La Chascona, onde viveu o poeta Pablo Neruda, parecem ter se transformado em segunda opção para quem visita o país. O grande lance de ir ao Chile é conhecer vinhedos e as vinícolas. É isso que tem atraído boa parte dos turistas. Parece que uma viagem pra lá virou programa só para enólogos e entendidos do bom cálice. Mas, e daí? A nação produz alguns dos melhores rótulos do mundo. Deixa o povo ir lá bebericar... E comer, porque a comida chilena também é rica.   Foto: Ciéte Silvério/Especial para Metrópole À primeira vista, não há quem discorde de que a culinária do país é pautada pela simplicidade. Com muitas influências, é uma cozinha de lugares e povos diferentes. E, apesar da forte sotaque espanhol, não dispensou as tradições culturais locais, aproveitando-se do que tem de bom na terra e no mar. Traços da cozinha europeia também se fazem presentes - os alimentos trazidos na imigração fundiram-se a outros e contribuíram para o enriquecimento da mesa chilena. Aos poucos, a cozinha dos primeiros colonos foi se misturando à tradicional do país e ganhou contribuições dos nativos. Os espanhóis, primeiros colonizadores, trouxeram o uso do frango e da carne suína. Depois vieram árabes, indianos, italianos... A mistura de hábitos e receitas locais com os europeus e asiáticos ficou mais evidente, uma vez que todos que para o Chile iam levavam na bagagem ingredientes e maneiras de prepará-los. Os povos indígenas que habitavam o território tiveram, por exemplo, que se adaptar à cebola e ao alho. Tudo acabou diversificado e resultou numa sofisticada mistura. Quer ver?   As empanadas de forno chilenas, aqueles pastéis assados como os que temos por aqui, são uma tentação. Com massa um pouco diferente, as de pino são as melhores. Elas são as clássicas chilenas, que levam, além de carne picada, ovos, azeitonas e outros legumes. Também existem variações, como as de queijo, frango e frutos do mar. Dá para cair de boca em várias porções, mas, cuidado: nunca elogie uma empanada argentina ou boliviana perto de um cozinheiro chileno, porque isso dará o maior bafafá. Também há trocentos sanduíches com plata, um abacate típico usado até em cachorros-quentes. Alguns amam, outros odeiam.   Mas o Chile é mesmo um paraíso para quem gosta de frutos do mar. Entre as espécies pescadas no Pacífico está o congro rosa, o salmão que é cultivado por lá; a centola, um caranguejo gigante de águas frias, mais saborosa do que a lagosta; vieiras, ostras e mariscos de todos os tipos, vendidos a preços que nada têm a ver com os praticados aqui. A gastronomia chilena ainda guarda iguarias como o chupe (lembra nossa caldeirada), a cazuela e o curanto, uma espécie de churrasco subterrâneo, feito no chão sobre pedras quentes e que mistura frutos do mar, carne de porco, frango e batatas.   Tem também o arrollado de chancho (feito com pedaços de porco na banha no aji), carbonada, charqiucá, curanto de hoyo, ajiaco e outros pratos com aparência rudimentar. Ah, e tem o pastel de choclo, receita simples mas demorada, levada ao Chile pelos alemães. Ele é comum em qualquer mesa o ano todo. Vamos lá pra cozinha!   PASTEL DE CHOCLO INGREDIENTES(para 7 pessoas) PARA O RECHEIO_500g de carne bovina moída (patinho, alcatra ou coxão duro)_2 cebolas grandes picadinhas_3 dentes de alho picados_4 colheres (sopa) de passas sem sementes_4 colheres (sopa) de azeitonas sem caroços_3 ovos cozidos, cortados em 4_2 colheres (sopa) de manteiga sem sal ou azeite o suficiente_1 colher (sobremesa) de aji amarillo fresco_Sal, pimenta-do-reino, cominho e orégano a gosto PARA O PASTEL_6 espigas de milho fresquíssimas_3 raminhos de alfavaca_2 colheres (café) de páprica_4 ovos (separar as claras das gemas)_2 ou mais xícaras (chá) de leite fresco_2 colheres (sopa) de margarina ou manteiga sem sal_Açúcar para polvilhar VAMOS LÁ Vai demorar um pouquinho. Primeiro preparo o recheio: pico o alho e a cebola em cubos e refogo em uma caçarola larga e de fundo grosso, com um bom tico de azeite ou manteiga. Assim que dourar, junto a carne, misturo bem e cozinho em fogo baixo. Dou uma olhada na panela e mexo de vez em quando. Acrescento orégano, cominho, sal e aji, e deixo ali por cerca de 20 minutos. Junto as passas e, em fogo baixo, permito que fique por mais uns 15 minutos. Se precisar, coloco um pouquinho de água. No final, polvilho um tico de açúcar. Enquanto isso, cozinho os ovos até ficarem duros, elimino as cascas, corto em quatro partes e reservo. Reservo também o refogado. Vamos ao pastel: com uma faca, retiro os grãos de milho e passo pelo liquidificador por quatro minutos, com o leite. Pego outra panela, também confortável, derreto a margarina ou a manteiga e cozinho, em fogo baixo, o curau, mexendo constantemente. Adiciono o sal, a pimenta e cozinho por dez minutos. Junto as claras batidas em neve e, vigorosamente, agrego bem ao milho, envolvendo todo o recheio. Junto as folhas de alfavaca e a páprica. Mesclo bem, deixo dois ou três minutos no fogo, retiro e reservo. Vamos finalizar: em uma cumbuca, de preferência de barro ou terracota, coloco o refogado de carne moída, pressionando bem para ficar firme. Acrescento os ovos e a azeitona por cima. Venho, então, com o creme de milho e cubro o recheio. O creme deve ficar grosso e consistente; se passar do ponto e ficar  aguado, acrescento um pouco de amido de milho. Polvilho um pouco de açúcar  demerara e levo ao forno para dourar, por 20 minutos. Está pronto. Olha lá: muitas vezes, o choclo é praticado com carne de frango, bastante comum no Chile. O frango pode ir sozinho ou acompanhando a carne bovina, sobreposto a ela – nesse caso, são frequentemente usadas coxas e sobrecoxas. O choclo é um tipo de  escondidinho, mas tem características próprias. O purê de mandioca ou o de  batata (como na versão com bacalhau) é trocado por milho. O açúcar no topo é para dar uma douradinha e manter o agridoce do prato. Tem mais: o milho verde é muito fácil de se encontrar nas feiras, mas, caso queira, pode trocar por três latas de milho verde em conserva ou 600g de milho congelado. O procedimento é o mesmo, mas não ficará tão gostoso quanto a receita com o ingrediente in natura. O aji é uma pimenta natural do Chile e de outros países da América Central. Existem muitas em conserva, mas, se não conseguir, pode colocar duas pimentas vermelhas

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