HENRIQUE NUNES

Silva, brasileiro, herói ou vilão?

Henrique Nunes
07/07/2013 às 20:05.
Atualizado em 25/04/2022 às 09:31

Sim, existe amor no UFC, caro Criolo. Mas não é um amor sincero: é puro selinho. De fogo mesmo, só de artifício antes de a luta (?) entre Anderson Silva e Chris Weidman. Nem mesmo quando o Brasil entrou em campo diante da Espanha, domingo passado, houve (pelo menos na minha vizinhança) tanta euforia. Só que no fim, ninguém lançou aos quatro cantos o cântico patriota-piegas “brasileiro com muito orgulho, com muito amor”. Porque o amor fajuto desse esporte pulou a cerca, traiu a confiança, botou chifre na audiência.

O brasileiro Spider, que ajudou a mudar a imagem dos brucutus que se enfrentam no octógono milionário de Dana White caiu de tanta arrogância. Não há ufanismo que resista a tanta falta de respeito e o jogo de cena — ensaiado ou não — vai custar muito caro para o próprio lutador. Prova disso é a reação imediata dos fãs nas redes sociais. Há, e não é de se estranhar, até quem ache que tudo não passou de novela: um beijinho aqui, uns tapinhas acolá e um desfecho nem tão surpreendente assim.

As teorias conspiratórias são complexas e abrangentes, mas são insignificantes diante do que aprontou o Silva mais famoso do Brasil. A derrota de sábado é o de menos porque sua imagem de super herói nunca mais será a mesma. Silva está no mato sem cachorro e ainda sorri como se nada tivesse acontecido — para muitos, nada, de fato, aconteceu. Se vai aposentar ou não, tanto faz. Sua revanche tem de ser contra si mesmo: vai ser difícil sair da lona. Até porque as notícias em relação à luta estavam até a noite deste domingo entre as mais lidas e comentadas nos principais sites de notícias (especializados ou não) do mundo.

Há, como tudo na vida, o lado bom da queda. A luta de sábado, embora frustrante para a maioria, só comprovou o que muitos já sabiam: a popularidade do UFC está criando por aqui fanáticos xiitas, fundamentalistas que não toleram ou não aceitam nada que não esteja a seu favor. Os homens-bomba das redes sociais opinam sobre tudo e sobre todos com a mesma segurança com a qual Silva se esquivou do adversário. Esse é o tipo de público que nenhum esporte precisa. O amor do brasileiro por Silva e pelo UFC, enfim, deve dar uma esfriada nas próximas semanas. Mas dificilmente esse relacionamento ainda terá muita lenha pra queimar.

Resta saber quem será o próximo Silva.

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