EDUCAÇÃO

Seminário estimula a leitura crítica e contextual da mídia

Último dia do evento abordou a cobertura jornalística e a idealização do corpo

Cecília Polycarpo
cecília.cebalho@rac.com.br
25/04/2014 às 23:41.
Atualizado em 24/04/2022 às 14:08

A cobertura jornalística dos movimentos sociais, a idealização do corpo pela mídia e a análise do discurso noticioso foram debatidos no último dia do 7 Seminário Nacional “O Professor e a Leitura de Jornal”, que ocorreu nesta sexta-feira (25), na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Com o tema “Comunicação, Educação e Liberdade na Sociedade do Espetáculo”, o seminário incita uma mudança na recepção da informação e instiga a depuração da notícia com um olhar mais crítico que o do senso comum.O evento bianual é uma iniciativa do Correio Escola Multimídia, do Grupo RAC, da Associação Nacional de Jornais (ANJ), da Faculdade de Educação da Unicamp, da Associação de Leitura do Brasil (ALB) e do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal). O objetivo é reunir especialistas, pesquisadores e professores para discutir o uso das diversas mídias na educação.Uma das mesas-redondas, “Corpo, Mídia e Espetáculo”, abordou a forma como os veículos de comunicação e entretenimento retratam o corpo infantil. Conduzida pela professora do curso de jornalismo da PUC do Paraná Juliana Pereira de Sousa, a palestra mostrou como desenhos e seriados infantis constroem imagens de crianças perfeitas que não têm referência no mundo real, criando, desde muito cedo, a necessidade pela busca da imagem ideal.Para Juliana, o estereótipo da criança criado pela televisão e cinema — branca, magra de cabelos lisos e sem deficiências físicas — reforça estigmas e até o bullying dentro de sala de aula. “É imagem construída já a partir de bits, é imagem fotográfica. Esses corpos vêm da nossa própria cultura ou os meios de comunicação ditam para nossa cultura como essas crianças devem ser?”, disse. Um dos exemplos dados pela professora foi a mudança radical que os Estúdios Maurício de Sousa promoveram nos personagens da Turma da Mônica, transformados em adolescentes. Com corpos parecidos e sem suas características iniciais, os personagens perderam sua pluralidade e identidade, ajudando a reforçar os estereótipos.A conferência de encerramento, “Saberes, Subjetividade e Jornalismo na Cultura Midiática”, conduzida pela jornalista e pesquisadora do Labjor da Unicamp, Graça Caldas, incentivou o olhar crítico ao texto jornalístico, que pode ter vários significados de acordo com o conhecimento, sensibilidade e história de vida do leitor. Para Graça, a notícia é somente um fragmento de uma realidade maior, a síntese de um fato que não é necessariamente a verdade. “O discurso do repórter possibilita múltiplas linguagens. E a informação não sai acabada no jornal, ela tem seu papel final no receptor. Por isso é importante ler através do texto, contextualizar a notícia”, disse. OficinasNa parte da manhã, o jornalista e professor da PUC-Campinas Carlos Gilberto Roldão falou sobre “Mídia e Movimentos Sociais”. Roldão abordou o afastamento de veículos de comunicação de importantes movimentos sociais e como a distância dessa realidade influencia no discurso jornalístico. Um dos exemplos citados foi o tratamento dado pela maioria dos jornais ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Mais atual, outro caso citado por Roldão foi a cobertura das manifestações que explodiram em junho do ano passado. “Periódicos chegaram a pedir a retomada das ruas pelos policiais em editoriais. O discurso mudou, de leve, depois dos casos de violência contra jornalistas”.A coordenadora-geral do Correio Escola Multimídia, Cecília Pavani, afirmou que o seminário cumpriu a sua missão. “As palestras conseguiram fazer os participantes repensarem sua maneira de trabalhar a mídia em sala de aula. Houve uma troca maravilhosa de informações entre palestrantes e público”, disse. Espectadores do evento, a maioria professores e profissionais de comunicação, aprovaram a temática desta edição. “Foi um seminário para nos dar um chacoalhão, para fazermos repensar nossa forma de ver a mídia e, consequentemente, as práticas pedagógicas. O tema não poderia ser mais atual”, disse a jornalista e professora Aline Olini, de 31 anos.Projeto mantém cursos de especialização e extensãoO Correio Escola Multimídia, mantido desde 1992 pelo Grupo RAC, é um dos pioneiros a serem criados por empresas jornalísticas no Brasil para o incentivo à leitura e ao uso de jornais em sala de aula de ensinos Fundamental e Médio. Atualmente, o projeto mantém dois cursos, um de extensão e outro de especialização, respectivamente, em parceria com a Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal). O Correio Escola Multimídia mantém ainda concursos que envolvem produções de textos, fotografias e vídeos, além de campanhas sociais e do site E-Braille (www.correioescola.como.br/ebraille), direcionado a pessoas com deficiência visual. O projeto do Grupo RAC também realiza anualmente o prêmio Experiência 10, com o objetivo de reconhecer iniciativas criativas e originais realizadas por professores. Parte da experiência do Correio Escola Multimídia e do conhecimento produzido em 22 anos de atuação está reunida em quatro livros.

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