MILENE MORETO

Semana decisiva

O Brasil vive uma semana decisiva e espera ansioso por um desfecho para a crise política que atormenta de forma implacável o País nos últimos meses

Milene Moreto
10/04/2016 às 20:54.
Atualizado em 23/04/2022 às 01:03

O Brasil vive uma semana decisiva e espera ansioso por um desfecho para a crise política que atormenta de forma implacável o País nos últimos meses. A previsão é de que o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) comece a ser debatido na próxima sexta na Câmara e que no domingo aconteça a votação em plenário. Mais do que simplesmente afastar a presidente por conta dos inúmeros escândalos recentes, a sociedade espera o fim da discussão para que a nação possa pensar em voltar aos trilhos. Placar O placar do impeachment, que contabiliza a intenção de votos dos deputados, marca até o momento uma ampla vantagem para a proposta de afastamento de Dilma — algo como 270 votos a favor e 110 contra. Mas ainda há muitos parlamentares indecisos e que esperam definições de cenário para confirmarem suas posições. Para se livrar, a presidente precisa de 171 votos contrários à proposta, o que, nos dias de hoje, é uma marca difícil de ser atingida. Chances   As chances de Dilma estão na capacidade de barganha que ela detém por ser presidente. Abertamente, o PT tem feito ofertas de cargos e distribuído promessas a aliados e possíveis aliados para que fiquem do lado do governo. Sem essas articulações, certamente o cenário seria muito mais desfavorável para o pessoal do Planalto. Base esfacelada   A base de apoio da presidente na Câmara está esfacelada. Muita gente abandonou o barco numa tentativa de se descolar das denúncias de corrupção. Mas tem também aquela fatia que saiu porque vislumbrou vantagens do outro lado do front. Lula A presença do ex-presidente Lula em Brasília tem sido vista como a última tentativa petista para salvar o mandato de Dilma. É ele quem tem dialogado com parlamentares e lideranças no sentido de conter o impeachment. Imagem No caso de não conseguir êxito em sua empreitada, Lula terá que reconhecer que não possui mais o mesmo apelo de antes das acusações a que tem sido submetido. Sua imagem pode ter sofrido arranhõescom marcas profundas e por mais tempo do que se pode imaginar. Saberemos um pouco sobre isso na próxima semana, mas teremos certeza mesmo só quando ele tentar se eleger para alguma mandato. A urna é a senhora do destino. Sucesso   Porém, se obtiver sucesso em sua missão, o ex-presidente dará demonstração de força política. Mas terá, ao mesmo tempo, transformado o governo Dilma em uma espécie de pântano cheio de crocodilos famintos. Os acordos que hoje são costurados vão resultar em uma grande e pesada conta. Articulação Articulação não é crime, mas o Brasil precisa encontrar uma saída para se livrar desse sistema político capenga e ultrapassado, que facilita a corrupção e alimenta desmandos por todo canto há mais tempo do que se poderia tolerar. A hora é de mudança. Fome de poder Em meio à movimentação que mobiliza o País, soa muito mal que o PMDB já esteja negociando cargos para o caso de impeachment. Não pelo risco de o pedido ser rejeitado, mas pela demonstração de fome de poder. Até outro dia, a legenda dava apoio a Dilma, mas mudou de lado para se tornar oposição e desfrutar dos benefícios da queda do governo. O senador Romero Jucá (RR) assumiu as funções de porta-voz e de articulador da eventual gestão do PMDB. Ele já foi líder dos governos FHC, Lula e Dilma, mas agora planeja liderar também em tempos de Temer.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por