Hoje em torno de cem estudam na terra de Fidel Castro e preparam retorno para o Brasil
Em meio à polêmica em torno da contratação de médicos para trabalharem no Brasil, um grupo de profissionais vai contra a classe e defende a importação de estrangeiros. São integrantes dos movimentos sem terra que através de convênios foram para Cuba estudar medicina e preparam o retorno à terra natal.
"O Conselho de Medicina coloca travas para outros médicos estrangeiros e brasileiros, formados fora, de poderem exercer a profissão no Brasil", diz Marcelo Damasceno Coelho, de 26 anos, que está ano finalizando o curso de medicina em Cuba.
O jovem é sem-terra e de família humilde que vive no Assentamento Boa Sorte, na cidade de Restinga. Acostumado a participar de protestos, ele não concorda com essa luta contra a entrada de profissionais do exterior organizada por seus futuros colegas de profissão.
"Eles alegam muitas coisas, como má formação acadêmica fora do Brasil, mas na realidade não é assim...", afirma. Damasceno diz esperar ver, ao contrário do que reivindicam os médicos, que as exigências contra os estrangeiros sejam reduzidas.
Para ele, se a população pede saúde e está faltando profissional na área, não existe motivo para não trazer de fora. Como ele, outros cinco sem-terra da região de Ribeirão Preto estão a um semestre de se formarem em Cuba, país que tem hoje no total em torno de cem brasileiros ligados a organizações como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) estudando medicina.
Exigências
Os estudantes ligados a esses movimentos sociais contam com todo o ensino e alimentação custeados pelo governo daquele país. Já as despesas de viagem ficam por conta da entidade a que estão ligados.
Ao se formar em Cuba, o médico ainda precisa regularizar o diploma para poder trabalhar no Brasil. Para isso, tem de fazer algumas disciplinas nas universidades brasileiras, como Legislação do Sistema Único de Saúde e Epidemiologia Brasileira.