Editorial

Sem imprensa livre não há democracia

Cabe à sociedade civil a eterna vigilância para que essa conquista seja permanente. Viva a liberdade de imprensa!

Correio Popular
04/05/2021 às 09:57.
Atualizado em 15/03/2022 às 20:39

Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1937, o senador norte-americano, Hiram Johnson, teria cunhado a frase: "Na guerra, a verdade é sempre a primeira vítima". Isolacionista convicto, H. Johnson era contra a entrada dos EUA na guerra. Embora haja controvérsias sobre a autoria da frase, podendo ser apócrifa, é inegável que ela se tornou um mantra na defesa da liberdade de imprensa.

Na Guerra do Vietnã, a frase era pronunciada por quem combatia as mentiras ditas pelas autoridades para enganar a opinião pública americana a respeito da guerra. Para se manter no conflito bélico, o governo divulgava dados subnotificados sobre as baixas dos combatentes no front. Foi graças a uma série de reportagens do <CF461>The Washington Post</CF>, mostrando as mentiras do governo, que o fim do conflito foi antecipado.

Instituído em 20 de dezembro de 1993 pela ONU, comemora-se em 3 de maio o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O tema escolhido para uma reflexão este ano é "A informação como bem público". Em evento ocorrido ontem, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, falou sobre a censura e assédio vividos por profissionais da imprensa em todo o mundo. Ele lembrou que a informação é essencial durante períodos críticos, como o atual, em que o mundo luta contra a pandemia da covid-19.

Está em curso um retrocesso preocupante em relação à liberdade de imprensa e respeito ao trabalho desenvolvido por profissionais da área. A ONG Repórteres Sem Fronteiras organiza um ranking mundial sobre a liberdade de imprensa em 180 países. O Brasil caiu quatro posições em 2020, por conta dos ataques que o jornalismo profissional vêm sofrendo.

Desde o início da pandemia, o acesso dos jornalistas aos números oficiais sobre a doença tornou-se extremamente difícil pela falta de transparência do Ministério da Saúde. As tentativas de minimizar a escalada da pandemia produziram inúmeras tensões entre as autoridades e os meios de comunicação. Situação que nos remete à frase do início deste editorial - "Na guerra, a verdade é sempre a primeira vítima". Uma guerra não é feita só de tiros, também pode ser de palavras, ideias ou de pensamentos.

A liberdade de imprensa está vigente em nosso País, conforme garante a Constituição. Vivemos uma democracia e a censura oficial não existe mais. Porém, cabe à sociedade civil a eterna vigilância para que essa conquista seja permanente. Viva a liberdade de imprensa!

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