Sem chuva, nível do Sistema Cantareira fica estável

Sem chuva na região dos reservatórios, o Sistema Cantareira se manteve estável nesta quinta-feira (9) e operou com 19,7% da capacidade, mesmo índice de quarta-feira. O Cantareira não registra recuo do nível de água há 67 dias — em 1º de fevereiro, o sistema recuou de 5,1% para 5%. Mesmo assim, a situação é preocupante porque os reservatórios entram no período de estiagem sem ter conseguido, ainda, recuperar o volume morto, que vem sendo utilizado desde maio do ano passado para evitar o racionamento de água. A estimativa do Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) é que o sistema chegará a 30 de abril com um volume de água armazenado de 420 bilhões de litros — serão, então, 65 bilhões de litros abaixo do necessário para recompor as cotas do volume morto. A conta é baseada na expectativa de que as afluências aos reservatórios permaneçam em 60% das médias mensais da série histórica (de 59,5 bilhões de litros em março e de 43,2 bilhões em abril) e as descargas totais se mantenham em torno de 10 metros cúbicos por segundo (m3/s). Entrada O volume de água que entrou no sistema nesta quinta-feira foi de 19,3 metros cúbicos por segundo (m3/s) e foram descarregados 11,8m3/s para a Grande São Paulo e 0,45m3/s para os rios Jaguari e Atibaia, nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Se a atual vazão do Cantareira para as Bacias PCJ se mantiver em 0,45m3/s na estiagem, a região não conseguirá passar o período sem racionamento. Nos últimos anos, a região de Campinas tem pedido vazões de 12m3/s para garantir o abastecimento entre abril e outubro, meses secos. A partir de agora, a chuva vai fica cada vez mais escassa. A recente passagem do ar polar sobre São Paulo reduziu a temperatura e a umidade também sobre a região do Cantareira, o que inibe o crescimento de grandes nuvens que podem provocar chuva. Segundo a Climatempo, uma nova frente fria deve passar pelo Litoral paulista entre o domingo e a segunda-feira (12 e 13), mas a chance de provocar alguma chuva é muito baixa. Por enquanto, a maior expectativa de chuva é depositada numa segunda frente fria que poderá passar sobre São Paulo durante o feriado de 21 de abril. Outorga Na próxima terça-feira, em Americana, o Grupo de Eventos Extremos do Consórcio PCJ vai debater os tópicos que considera importante na renovação da outorga do Canteira, que deve ocorrer em outubro. A outorga atual prevê a liberação de até 5m3/s nos rios Jaguari e Atibaia e 31m3/s para a Grande São Paulo. A autorização de 2004 para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) utilizar a água do Cantareira para abastecer a Grande São Paulo venceu em agosto e foi renovada para até outubro deste ano. Pelo calendário estabelecido pelos gestores do sistema, a Sabesp deverá encaminhar até 30 de abril o pedido de renovação.  Discussão “É importante que a gente não paralise as discussões sobre a outorga e, também, debater os impactos das regras da resolução conjunta da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Daee, que restringe as captações nas Bacias PCJ”, disse o vereador Luiz Carlos Rossini (PV), que integra o Conselho Fiscal do Consórcio. A prorrogação se justificou pela situação de excepcionalidade de baixa disponibilidade hídrica observada até então na bacia do Rio Piracicaba, onde estão localizados os reservatórios, o que resultou em vazões afluentes ao Cantareira inferiores às mínimas históricas já registradas desde 1930. A resolução que prorrogou a outorga estabelece que os dados hidrológicos (vazões e chuvas) verificados em 2014 deverão ser considerados nos estudos a serem apresentados quando do novo requerimento de renovação da outorga.