Seja Conceição

A Série B tem uma rodada empolgante, Marcelo Chamusca chegou ao Moisés Lucarelli e João Brigatti resolveu deixar o clube. Todos esses assuntos, muito interessantes, serão temas de outras colunas durante a semana. Hoje, o assunto é Conceição, torcedora-símbolo da Ponte Preta que nos deixou no final de semana. Conceição faz parte da história da Macaca e deixa, a todos os pontepretanos, um legado valioso. Ela sempre tratou seus meninos — como se referia aos jogadores do time — com carinho. Conceição ensinou que um bom pontepretano deve ser, sempre e em qualquer situação, um bom pontepretano. Conceição viu meninos que nasceram para o futebol no Majestoso. Meninos que realizaram partidas e campanhas memoráveis. Meninos que ficaram por muitos anos no clube. Meninos que chegaram à Seleção Brasileira e disputaram Copas do Mundo. É fácil torcer para meninos assim, mas o futebol mudou muito. Atualmente, clubes do porte da Ponte dificilmente conseguem formar um craque e utilizá-lo por um ou dois anos no time principal. E mesmo quando acerta na contratação de um bom jogador, logo ele vai para algum time capaz de oferecer mais dinheiro e visibilidade. São outros tempos. Os meninos que proporcionaram momentos inesquecíveis a Conceição há 30 ou 40 anos até hoje são ligados à Ponte Preta. São ídolos da instituição. No futebol atual, o menino que é aplaudido agora pode reencontrar o clube no tribunal meses depois. Infelizmente acontece com certa frequência, bem sabemos. Para Conceição, nada disso importava. Seu amor pela Ponte Preta sempre esteve acima da qualidade do elenco ou da fase do time. Conceição nunca abandonou seus meninos. Nunca se desinteressou pelo próximo jogo porque as coisas não foram bem no último. E por isso se transformou em uma torcedora-símbolo. Quem gosta da Ponte Preta deve ser, sempre que possível, como a Conceição. Deve ir ao Moisés Lucarelli sempre que puder e não apenas no jogo mais importante do ano ou quando o ingresso estiver baratinho. Deve levar seu incentivo aos meninos. Deve guardar as vaias, se necessárias, para depois da partida. Enquanto a bola estiver rolando, deve empurrar, com carinho e entusiasmo, o time à vitória, ainda que a camisa 10 não esteja no corpo do menino Dicá. Ainda que o time não tenha nenhum menino com a camisa 10. Se você ama mesmo a Ponte, seja Conceição. Pode parecer difícil nas derrotas, mas o prazer de estar sempre ao lado do time que será o seu até o fim de sua vida é único e indescritível.