triste estatística

Violência contra idosos cresce 41% este ano em Campinas

Diante do problema, o Ministério da Justiça e a Segurança Pública deflagraram operação em todo o país

Do Correio Popular
24/08/2022 às 09:34.
Atualizado em 24/08/2022 às 09:34

Aposentado José Pereira de Oliveira, de 71 anos, faz parte da triste estatística (Dominique Torquato)

O número de idosos que foram vítimas de algum tipo de violência nos sete meses deste ano em Campinas é 41% maior do que o registrado em igual período do ano passado. 

O último balanço do Sistema de Notificação de Violência (Sisnov), em referência aos sete meses deste ano, apontou 79 casos de violência contra pessoas com mais de 60 anos no município, contra 56 em igual período de 2021. A menor taxa de registo foi na faixa dos maiores de 80 anos, que teve 13 casos neste ano e 10,5 no ano passado. A faixa etária mais agredida é a de 70 e 79 anos. Neste grupo, a quantidade de vítimas chega a ser duas vezes maior (27 neste ano e 12,8 em 2021). 

Para combater a violência contra pessoas maiores de 60 anos, o Ministério da Justiça (MJ) e a Segurança Pública deflagraram esta semana em todo o território nacional a “Operação Vetus”. 

Em Campinas e região não há delegacias especializadas para idosos e os registros são feitos nos distritos policiais (DPs). Entretanto, a maioria dos casos é encaminhada às delegacias de Defesa da Mulher (DDM), que não dispõem de uma estatística específica sobre esse tipo de ocorrência.

“Não temos uma estatística específica, mas se a idosa estiver sofrendo violência doméstica - de gênero – é na DDM. Quando a agressão é contra a idosa, há uma série de dificuldades. Primeiro, a de efetivação do registro. E quando registra, não há andamento; difícil ela pedir medida protetiva e, quando pede, acaba acolhendo o filho agressor em casa. Por ser mãe, por ter um amor incondicional pelo filho, é difícil dar andamento na ocorrência. O que percebemos é que a mãe tenta resolver o problema de uma outra forma, que não seja a criminal. Ela busca auxílio assistencial para ajudar o filho agressor”, afirmou a delegada da 1ª DDM de Campinas, Ana Carolina Bacchi.

Entre as ações que serão executadas na operação, que vai até o dia 23 de setembro, estão as de apuração de denúncias, diligências, atendimento às vítimas, ações educativas e fiscalização em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs); procedimentos policiais e levantamentos de inteligência, como instauração e conclusão de inquéritos, representações judiciais, levantamento de alvos e de mandados, entre outros.

A operação conta com a ajuda das delegacias especializadas de proteção ao idoso, das secretarias de Segurança Pública, da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) e da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa. Também estão sendo cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão. Também serão feitos atendimentos a solicitações de medidas protetivas de urgência.

O Ministério da Justiça lembra que as denúncias desse tipo de crime podem ser feitas por meio do Disque 100 ou pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil.

“Qualquer pessoa pode procurar delegacias especializadas na proteção ao idoso. Caso a cidade não tenha uma especializada, é possível procurar qualquer delegacia. Também pode-se procurar os conselhos estaduais ou municipais dos Direitos da Pessoa Idosa, ou, ainda, o Ministério Público mais próximo da sua residência”, orientou a Pasta da Justiça.

Cerca de 31,2 mil idosos vítimas de violência foram atendidas nas duas edições anteriores da “Operação Vetus”. Também foram registradas 29,2 mil denúncias, o que resultou em 985 pessoas presas. Cerca de 9 mil policiais participaram das operações em 2020 e 2021.

Briga por herança

O aposentado José Pereira de Oliveira, de 71 anos, faz parte da estatística da violência contra o idoso. Há dois anos, ele teve o polegar direito quebrado pelo neto adolescente durante uma discussão que envolvia herança. 

O garoto, a namorada dele e o pai dele agrediram o aposentado porque o idoso discordava da venda da casa em que ele mora. “Bateram em mim e quebraram meu dedo. A briga aconteceu três anos após a morte da minha esposa. Eles queriam trocar a casa e eu não concordei. A casa é minha!”, disse Oliveira, que registrou queixa no Ministério Público. 

“Muitas vezes os idosos não denunciam porque nada acontece. Então, para evitar mais agressão, o idoso se cala. No meu caso, denunciei porque não concordo com a violência e espero que seja feita a justiça!”, emendou. 

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