BANALIDADE DO MAL

Viciado mata casal de idosos por R$ 240 no Jardim Bassoli

Assassino se entregou na terça-feira à tarde à Polícia Civil e confessou o crime com riqueza de detalhes

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@Rac.com.br
29/11/2023 às 09:28.
Atualizado em 29/11/2023 às 09:28

Agentes da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) fazem diligência no Jardim Bassoli, palco do crime brutal (Rodrigo Zanotto)

Um cenário trágico se desenhou para Josefina da Penha Alves, de 86 anos, e Benedito Sales Fernandes, de 81 anos, que agora figuram dolorosamente nas estatísticas de crimes registrados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) em Campinas. O casal de idosos enfrentou uma brutalidade inimaginável na noite de segunda-feira (27) , quando foram assassinados dentro de casa por um ladrão que, ao fugir, levou consigo R$ 240 das vítimas e vida do casal, cujo apartamento no Jardim Bassoli, no Distrito do Campo Grande, transformouse em alvo constante para bandidos vagabundos, que invadiam frequentemente a residência em busca de objetos e dinheiro para sustentar o vício em drogas. Este trágico episódio marca a triste contagem de 10 vítimas de latrocínio na cidade desde janeiro até a presente data

O desfecho dessa tragédia foi revelado pela filha de Josefina e pela nora da filha na manhã seguinte, ao depararem-se com os corpos das vítimas. O apartamento, palco de crimes recorrentes, testemunhou mais uma atrocidade que, desta vez, ceifou a vida do casal idoso. O episódio foi oficialmente registrado na Delegacia de Investigações Gerais (DIG), onde o criminoso, um indivíduo de 30 anos, entregou-se à polícia no início da tarde. Sua confissão, detalhando os horrores da execução do crime, trouxe à tona a crueldade que assombrou a vida pacífica do casal, frequentemente alvo desses atos violentos. O flagrante resultou na prisão imediata do autor, enquanto o delegado responsável, Luiz Fernando Dias de Oliveira, planeja requerer a prisão preventiva do criminoso para garantir que ele responda por seus atos.

Na madrugada fatídica, Josefina e Fernandes experimentaram a asfixia, um destino terrível que lhes foi imposto quando o idoso, ao surpreender o criminoso revirando seu lar, se tornou vítima da brutalidade. O delegado Oliveira destaca que o autor, residente na mesma localidade, é usuário de drogas, conhecia intimamente as vítimas e, de maneira recorrente, invadia o apartamento em busca de objetos e dinheiro. O que era um lar tranquilo tornou-se o palco frequente de tragédias, ressaltando a vulnerabilidade que muitos enfrentam em meio à violência desenfreada que assola a comunidade.

Na fatídica madrugada passada, o criminoso invadiu novamente o lar do casal, mergulhando-os em um pesadelo insuportável. Enquanto revirava o local em busca de objetos valiosos, o idoso detectou sua presença, desencadeando um confronto físico brutal. O criminoso, impiedoso, asfixiou o idoso durante a luta, enquanto a idosa, desesperadamente, tentava intervir, mas acabou também sendo vítima da cruel asfixia infligida pelo agressor. O agressor, desprovido de qualquer resquício de humanidade, cobriu os corpos das vítimas antes de fugir, utilizando o dinheiro roubado para saciar sua busca por drogas, agravando ainda mais a tragédia.

Os corpos, agora silenciosos testemunhos da violência, foram cruelmente escondidos sob cobertas, com o corpo da idosa sendo ainda mais indignamente ocultado por um colchão de solteiro. O trágico desfecho se desdobrou no apartamento do casal, situado no andar térreo de um conjunto habitacional composto por cinco torres, na Rua Manuela Joaquina de Oliveira Santos.

O assassino penetrou e abandonou o imóvel através da janela da sala, arrombada para facilitar sua entrada e saída. Marli Alves Fernandes, filha da idosa, e sua nora, que habitualmente se dedicavam à limpeza do lar do casal nas terças-feiras, foram recebidas, na manhã seguinte, por uma trancada e travada porta que, ao ser finalmente aberta pela nora nos fundos, revelou o terrível cenário. A filha de Josefina, ao ver as pernas brancas da mãe através da janela, reconheceu instantaneamente a tragédia: "Eles (os criminosos) já tinham levado tudo da casa e agora levaram a vida deles", desabafou Marli, num lamento carregado de dor e indignação diante da brutalidade que assolou a tranquilidade de sua família.

Josefina e Fernandes, ambos viúvos, uniram-se há sete anos, embora o idoso já ocupasse o apartamento havia uma década. Essa união, entretanto, foi marcada por uma série de tragédias perpetradas por criminosos impiedosos. Marli, filha de Josefina, relata que, devido à avançada idade do casal, eram alvo frequente de assaltantes que, de maneira cruel, não apenas roubavam o dinheiro da pensão, mas também objetos e alimentos essenciais. A situação se agravava, pois esses criminosos não hesitavam em usar os cartões do casal para realizar compras, empréstimos e saques, aprofundando ainda mais o tormento vivido por Josefina e Fernandes.

O desejo de mudança do casal, que ansiava por deixar o apartamento, era conhecido pela família. Marli revela que estavam em busca de uma casa para alugar, buscando um refúgio da constante violência que invadia seu lar. Ela chegou a assumir o controle dos cartões de benefícios da mãe na tentativa desesperada de afastar os criminosos que, impiedosamente, controlavam a vida financeira do casal. Na última terça-feira, Marli entregou R$ 400 para a mãe, enquanto o idoso havia sacado recentemente dinheiro referente ao 13º salário. Contudo, como Marli destaca com tristeza, havia pessoas, incluindo um casal, que exerciam controle sobre o dinheiro dos idosos, silenciando qualquer possibilidade de buscar ajuda da polícia ou de qualquer forma reagir a essa situação desumana.

A investigação do latrocínio teve início com a equipe da DIG, após obter informações sobre o possível autor. Embora os policiais tenham diligenciado no endereço do suspeito, ele não foi encontrado, sendo aconselhado por familiares a se entregar. No entanto, mesmo diante da apresentação do suspeito no 6º Distrito Policial (DP), no Jardim Campos Elíseos, o delegado Oliveira destaca que a apuração do crime permanece sob a responsabilidade da DIG. A espera por laudos é iminente, mas Oliveira ressalta que a confissão detalhada do suspeito, rica em informações, é o ponto crucial para compreender a complexidade desse ato hediondo. O indivíduo, responsável pelo duplo latrocínio, enfrentará acusações que podem resultar em uma pena de 30 anos para cada caso, considerando as qualificadoras, incluindo a circunstância da avançada idade das vítimas.

EM NÚMEROS

Ao longo do ano passado, Campinas contabilizou cinco vítimas de latrocínio. No entanto, no decorrer deste ano, foram registradas nove ocorrências, envolvendo um total de 10 vítimas. O caso mais recente diz respeito ao policial militar Fernando Lacerda Muzio, baleado durante um assalto em 15 de setembro e veio a falecer em 18 de outubro. Outro episódio fatal ocorreu com o empresário Vanderlei Mendes, de 58 anos, residente no distrito de Sousas, baleado na cabeça durante uma tentativa de assalto em 29 de setembro, vindo a óbito em 10 do mês passado.

As demais vítimas são o vigilante Paulo Roberto Batista Duarte, atacado em 10 de setembro no Parque Montreal; o empresário Victor Hugo Zarpelão da Silva, em 27 de julho, na Rodovia D. Pedro I (SP-065); em junho, o estudante de administração de empresas Edson Henrique Pereira, no Jardim Morumbi; também no mesmo mês, o pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) João Leandro de Brito Neto; em abril, o engenheiro Adriano Damião dos Santos, na Rodovia Lix da Cunha, que liga Campinas a Indaiatuba. No mês de janeiro, o pastor e bombeiro João Pinto Rodrigues foi morto a tiros após ter sua residência assaltada em um condomínio no bairro Chácaras Luzitana, situado na área rural de Hortolândia, no limite de Campinas. A investigação desse caso foi conduzida pelo 11º DP de Campinas.

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