Novidade vem sendo empregada com sucesso na capital para prevenir roubo e furto de motos
Cada adesivo contém a gravação da placa ou do chassi da moto e é aplicado em diversas partes da motocicleta; em média, entre 45 e 60 etiquetas são afixadas em uma única moto, muitas delas visíveis, aumentando o grau de proteção contra furtos e roubos (Divulgação)
Ainda desconhecida da maioria dos motofretistas de Campinas, a "vacina antifurto" se apresenta como uma alternativa de segurança inovadora no enfrentamento dos crescentes casos de roubo e furto de motocicletas, uma abordagem que tem sido amplamente adotada na cidade de São Paulo. Essa medida consiste em adesivos refletivos que são aplicados nas partes da moto visadas por criminosos e que frequentemente são comercializadas no mercado clandestino. Segundo Edgar Francisco da Silva, também conhecido como Gringo e presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AMABR), nos últimos tempos, essa solução se tornou praticamente essencial para aqueles que operam com motos na região metropolitana de São Paulo. O custo desse serviço médio é de R$ 370 na capital e cerca de R$ 490 para a instalação por parte da empresa parceira da AMABR em Campinas.
Cada adesivo contém a gravação da placa ou do chassi da moto e é aplicado em diversas partes da motocicleta. Em média, entre 45 e 60 etiquetas são afixadas em uma única moto, muitas delas visíveis. Gringo esclarece que esses adesivos têm o propósito de sinalizar aos possíveis criminosos que a moto está "protegida" e que não será possível utilizar suas peças sem serem identificadas, nem mesmo usufruir da moto como um todo. A retirada do adesivo não é suficiente para apagar a numeração gravada nas peças, e para eliminar essa marca, seria necessário um esforço considerável, envolvendo lixamento extenso que danificaria a peça. Gringo reforça que essa "vacina" representa um incremento na segurança.
A "vacina antifurto" foi concebida por Sinval Pereira Silva, perito automotivo e diretor da Associação Brasileira de Identificação e Rastreabilidade de Partes e Peças de Veículos (ABIRPP), e fundador da empresa Vacina Contra Roubo. Desde 2001, ela inicialmente se dirigia a frotas de motos empresariais, e com o tempo, expandiu seu alcance para abranger caminhões e outros tipos de maquinário. Durante a pandemia, à medida que o número de entregadores aumentou juntamente com o crescimento de roubos e furtos de motos, motoboys independentes também aderiram a esse serviço.
Um experiente gravador de peças veiculares, João Neves, compartilha sua percepção: "Eu trabalhava com remarcação de chassi em caminhões e percebi que mais de 90% das motos que eram roubadas ou furtadas na capital iam para desmanches. Lá, eram retiradas todas as peças sem identificação, que eram levadas para venda", comentou, destacando que poucas das motos é destinada à prática de outros crimes e rodar na comunidade.
Os veículos saem da fábrica com três locais de sinais identificadores: no chassi, no motor e no vidro. No caso de motos, é no chassi e no motor. Quando desmancham um veículo, seja moto, carro ou caminhão, os criminosos retiram essas partes e descartam. As demais peças são levadas ao chamado mercado negro. "Com a vacina, eles têm dificuldade para retirá-la e vai pensar duas vezes antes de roubar a moto vacinada", disse Neves. "A vacina é muito eficiente, pois ela é uma proteção pró-ativa na qual evita o crime e o proprietário não precisa pagar mensalidades", enfatizou.
Estatísticas fornecidas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) revelam aumento de 27,6% nos casos de roubos e furtos de motos nos primeiros quatro meses do presente ano, em comparação ao mesmo período de 2022 (Rodrigo Zanotto)
Segundo Gringo, alguns desmanches até raspam, lixam e repintam a peça imunizada para esconder a gravação, mas o procedimento dá muito trabalho e não fica perfeito, pois a gravação é profunda. "A vacina tem um truque extra para que o bandido saiba que aquela é uma moto 'imunizada'. O ladrão olha de longe e desiste de furtar a moto e vai procurar outra. É uma alternativa que encontramos para fugir da insegurança", reforçou Gringo.
De acordo com a análise do especialista em Segurança Pública, Adalberto Santos, a presente iniciativa revela-se altamente relevante, uma vez que qualquer medida que consiga desencorajar a ação criminosa é uma contribuição valiosa. Ele sustenta que a essência da segurança é a criação de barreiras que gradualmente minem e dificultem a atuação de criminosos. Nesse contexto, é indubitável que essa abordagem merece consideração, observa Santos.
O especialista ainda explana que essa alternativa de "imunizar" as peças efetivamente complica o cenário para a atividade criminosa, já que não apenas desencoraja a prática delituosa, mas também impacta negativamente na comercialização subsequente das peças roubadas. Entretanto, ele chama atenção para a inevitabilidade de que no futuro a criminalidade buscará meios de contornar essa medida, levando à geração de novas abordagens para perpetrar atos ilegais. Ele sublinha a realidade incontestável de que a criminalidade não desaparece, mas sim evolui em termos de táticas ou territórios de atuação. Consequentemente, a vigilância constante e a adaptação contínua de estratégias são essenciais para conter esse tipo de comportamento.
Estatísticas fornecidas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) revelam um alarmante aumento de 27,6% nos casos de roubos e furtos de motos nos primeiros quatro meses do presente ano, em comparação ao mesmo período de 2022. Durante essa janela de tempo, foram oficialmente registrados 14.408 incidentes de roubos e furtos de motos, contrastando com os 11.295 casos no primeiro quadrimestre do ano anterior. Esses números evidenciam que, até agora em 2023, 66,57% dos incidentes foram classificados como furtos (quando não ocorre o uso de força ou ameaça), enquanto 33,43% foram roubos (quando o veículo é levado após a aplicação de força ou ameaça).