Posição é defendida pelo subcomandante da Polícia Militar no Estado de São Paulo
Central de monitoramento de Campinas (Kamá Ribeiro)
O combate ao furto somente poderá ser bem-sucedido com a participação da população, que precisa adotar hábitos simples para evitar o crime. A orientação é do subcomandante da Polícia Militar (PM) no Estado, coronel Renato Nery Machado, que esteve na sexta-feira (23) em Campinas, em visita ao Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) do Comando de Polícia do Interior 2 (CPI-2).
“Para maior eficiência no combate ao crime de furto, necessariamente, precisa-se considerar a Constituição Federal, em seu artigo 144, depois da vírgula. E qual é exatamente esta vírgula? É a que aparece quando cita que ‘a Segurança Pública é um dever do Estado (vírgula) e responsabilidade de todos’. Ou seja, a sociedade tem que estar envolvida nesse processo, O órgão policial é uma engrenagem dentro desse sistema. E quem participa da Segurança Pública? Os órgãos policiais, o Ministério Público, o Poder Judiciário, o sistema prisional e a sociedade, que tem de participar ativamente”, justificou.
Entre janeiro a julho deste ano, Campinas registrou aumento de 30,74% em furtos diversos na comparação com igual período de 2021. A elevação na estatística foi registrada depois de um ano de paralisação geral e mundial em consequência da Pandemia da covid-19. Ou seja, devido ao isolamento social, a estatística despencou.
Na comparação com os três anos anteriores à pandemia, o percentual deste ano é o maior de todos. De 2017 para 2018 houve queda de 8,50%. Já nos anos seguintes, leve aumento. De 2018 para 2019, por exemplo, o aumento foi de 1% e 9,34% de 2018 para 2019. “Estamos voltando ao novo normal e a população está novamente nas ruas. Isso exige uma readequação em relação a uma nova realidade, principalmente em época de festas, quando as quadrilhas especializadas agem com mais intensidade”, explicou o diretor do Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior 2 (Deinter 2), em Campinas, José Henrique Ventura.
Subcomandante da PM, coronel Renato Nery Machado (Divulgação)
O coronel Nery acredita que a alta no índice de registros de ocorrência dessa modalidade esteja também relacionada ao fácil acesso à Delegacia Eletrônica, que cresceu nos últimos anos, justamente por conta do isolamento social, circunstância que se manteve no pós-pandemia.
“Não houve aumento de furtos, mas sim um crescimento do uso da Delegacia Eletrônica. Antes, ocorriam muitas subnotificações e hoje contamos com a facilidade e celeridade da delegacia dogital”, destacou ele.
Tanto o diretor do Deinter 2 quanto o coronel da PM reforçam que o furto é um crime de oportunidade - situação em que o bandido aproveita da distração e do descuido do cidadão para cometer o delito.
“As pessoas não apenas devem ligar para avisar sobre o crime, como também se manterem atentas à prevenção primária. Em outras palavras, é dever do cidadão cuidar e proteger o ‘seu’ patrimônio e zelar pela segurança da comunidade em que vive, independentemente do trabalho efetivo exercido na área da segurança pública pelo Estado. Por isso, defendo com veemência o trabalho de redes protetivas, como o da vizinhança solidária e Conselho Municipal de Segurança ( Consegs )”, frisou o coronel.
“O crime de furto é um grande exemplo de que a sociedade precisa estar junto nesse conglomerado de ações de combate”, acrescentou.
O Secretário Estadual de Segurança, general João Camilo Pires de Campos, o diretor do Deinter 2, Ventura, e o coronel Nery destacaram que uma das modalidades de furto que mais cresceu foi a de celulares. Nesse caso, um dos motivos é o enorme volume de aparelhos em circulação.
Recentemente, o Correio Popular divulgou que, entre janeiro e julho deste ano, houve uma elevação de 65% nos casos de furtos do equipamento em comparação a igual período do ano anterior (2021). “As pessoas são presas. E o nosso papel é o de investigar e prender os meliantes que estão nas ruas, e proteger o cidadão. Entretanto, a legislação penal precisa ser revista, pois ela é muito antiga e não atende adequadamente a realidade criminal que vivenciamos”, frisou o secretário de Segurança.