Além do ataque, um morador de rua drogado surtou, agrediu uma mulher e saiu quebrando tudo
A avenida Senador Saraiva, no Centro de Campinas, tem sido palco de ocorrência de inúmeros assaltos (Rodrigo Zanotto)
Uma nova tentativa de latrocínio na região central de Campinas causou apreensão entre moradores e pedestres locais. Na tarde de domingo (4), um jovem de 19 anos foi esfaqueado no peito ao se recusar a entregar o seu celular para um assaltante, que foi localizado e preso em flagrante. O ataque ocorreu próximo à Avenida Senador Saraiva. Residentes afirmam que, em menos de um mês, pelo menos cinco pessoas foram alvos de crimes na região. No sábado de manhã, um morador em situação de rua, sob efeito de drogas, tentou quebrar os vidros de uma ótica na esquina das avenidas Francisco Glicério e Benjamim Constant, depois de empurrar uma mulher que estava na via. Durante a fuga, ele chutou uma lixeira.
O jovem foi socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, onde permanece internado. O criminoso atacou a vítima enquanto ela caminhava em direção ao Centro da cidade. O jovem reside em uma pensão localizada a menos de 200 metros do local do assalto há apenas dois meses. De acordo com a proprietária da pensão, o jovem estava com uma mochila e fones de ouvido quando saiu por volta das 18h. O bandido estava armado com uma faca. Não há informações sobre o ataque em si, mas testemunhas afirmaram que o jovem se recusou a entregar o celular ao criminoso, que o esfaqueou no peito antes de tentar fugir.
A Polícia Militar (PM) foi acionada e uma equipe que patrulhava nas proximidades localizou o suspeito na Rua Onze de Agosto, perto de uma praça. Um motociclista que o seguia viu onde ele jogou a faca e mostrou aos policiais. O assaltante, identificado como Sebastião Sildomar de Souza, de 37 anos, resistiu à abordagem dos agentes de segurança, mas foi preso e levado para o plantão do 1º Distrito Policial (DP).
"Esta região está muito perigosa. Os assaltos ocorrem de manhã cedo ou depois das 18h. Uma moradora daqui até deixou de trabalhar porque ficou traumatizada depois de ser assaltada", relatou uma comerciante que pediu para não ser identificada.
No sábado de manhã, um homem em situação de rua, perturbado, empurrou uma mulher que estava na faixa de pedestres. Um funcionário de uma ótica interveio para defender a mulher e afastar o agressor do local. O suspeito enfureceu-se e atacou a loja, socando e chutando as janelas. Ao ser impedido por outras pessoas que passavam pelo local, ele saiu xingando e quebrou uma lixeira pública.
"Está horrível andar no centro. Não dá mais para fazer compras ou passear por aqui, pois em todos os lugares têm pessoas em situação de rua, que estão transtornadas. A mulher que o homem empurrou, quase se machucou. Imagina se ele estivesse com uma faca ou outro objeto perfurante", comentou uma aposentada de 58 anos, que pediu para não ser identificada.
No dia 3 do mês passado, um idoso de 67 anos foi brutalmente agredido por um ladrão enquanto caminhava pela Rua Saldanha Marinho. Houve uma luta corporal e o criminoso chegou a puxar a calça da vítima para roubar os R$ 2 mil que estavam em seu bolso. O assalto foi testemunhado por moradores locais e registrado pelas câmeras de vigilância das lojas próximas. O dinheiro havia sido emprestado de uma agência bancária para a viagem do aposentado, que pretendia visitar seus irmãos doentes no estado do Paraná.
RESPOSTA DA PREFEITURA
Em relação aos moradores em situação de rua, a Prefeitura de Campinas informou que adota uma abordagem integrada e holística, como parte do projeto "Caminhos para o Futuro". Essa iniciativa é realizada mensalmente em colaboração com diversas secretarias municipais.
"No domínio da segurança pública, a Guarda Municipal mantém um patrulhamento constante no centro da cidade, concentrando esforços em áreas de alta densidade populacional. A corporação também realiza operações regulares para reprimir atividades ilícitas, muitas vezes em colaboração com a Polícia Civil e Militar. O monitoramento por câmeras é utilizado no centro da cidade, permitindo que a equipe de monitoramento despache viaturas quando necessário", destacando que a população também pode denunciar crimes por meio do telefone 153, disponível 24 horas por dia.
A Secretaria de Saúde oferece atendimento integrado por meio do Consultório na Rua, Atenção Básica e Saúde Mental, utilizando um veículo adaptado que percorre diversas áreas da cidade para fornecer cuidados de saúde a essas pessoas em seus próprios contextos de vida. "Os casos que envolvem uso de drogas e dependência química são encaminhados para os CAPS AD (Álcool e Drogas) para acompanhamento e intervenções adequadas. O serviço é composto por duas equipes multidisciplinares que contam com médicos, redutores (pessoas que trabalham com a política de redução dos danos causados pelas drogas), psicólogos, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem e enfermeiros", enfatizou.
A Secretaria ainda informou que existem outros programas direcionados a esse público. "Em resumo, a Prefeitura de Campinas está empenhada em assegurar que todas as ações que envolvem a população em situação de rua sejam feitas de maneira conjunta e integrada, respeitando os direitos de todos os cidadãos campineiros", citou em nota.